Sistema financeiro

Lucro do Novo Banco até setembro cresce 49%, para 638,5 milhões de euros

Nos primeiros nove meses de 2023 os lucros do Novo Banco dispararam para 638,5 milhões de euros à boleia do aumento da margem financeira (diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados nos créditos), que mais do que duplicou

ANTONIO PEDRO FERREIRA

Nos primeiros nove meses do ano o Novo Banco registou um crescimento de 49% dos lucros face a igual período de 2022, para o qual contribuiu a receita com juros cobrados nos créditos decorrente da politica de aumento das taxas de juro do Banco Central Europeu.

Em comunicado enviado ao regulador do mercado, esta quinta-feira, o banco liderado por Mark Bourke dá nota de que este crescimento está "assente num sólido modelo de negócio doméstico e simples, que proporciona uma rentabilidade crescente suportada pelo desempenho positivo das receitas, em conjunto com as medidas de eficiência implementadas nos últimos anos".

A margem financeira totalizou 831,2 milhões de euros no terceiro trimestre, determinada pela “melhoria da taxa de juro média dos ativos que superou o aumento do custo de financiamento”.

Uma medida que os bancos agradecem depois de anos com taxas de juro negativas, mas com as quais as famílias com crédito à habitação, em particular, estão a sofrer todos os meses devido ao aumento da prestação.

Já as comissões de serviços a clientes registaram um aumento ligeiro de 0,7% para 217,1 milhões de euros no período em análise.

Por seu turno os custos operacionais registaram um aumento de 8,1% face ao período homólogo para 339,6 milhões de euros, com os custos com o pessoal a assumir a maior fatia; 183,8 milhões de euros. Já os gastos gerais administrativos totalizaram 126,3 milhões de euros, mais 9,8% do que em setembro de 2022.

No comunicado o banco liderado por Marke Bourke sublinha que “excluindo os itens de natureza excecional os custos totalizaram 322 milhões de euros, representativos de um aumento de 6,9% face ao período homólogo”.

Quanto ao rácio cost to income comercial verificou-se uma melhoria para 32,4%, quando em igual período de 2022 estava nos 48,8%.

Nos primeiros nove meses do ano o banco registou um reforço de imparidades e provisões no montante de 81,7 milhões de euros, destinado em particular para crédito a clientes e títulos.

Crédito e recursos derrapam, exceção é habitação

No que diz respeito ao crédito concedido e aos recursos nos primeiros nove meses do ano não se verificaram alterações muito significativas, embora se registasse uma queda em ambas as rubricas.

O crédito bruto concedido a clientes ascendeu a 25,68 mil milhões de euros face a 25,82 mil milhões de euros em igual período de 2022.

No que diz respeito ao crédito à habitação, ascendeu a 10,18 mil milhões registando um crescimento face a setembro de 2022, quando a concessão totalizou 9,91 mil milhões de euros.

O crédito a empresas ascendeu a 13,98 mil milhões, o que evidenciou uma queda face a igual período de 2022, quando totalizava 14,52 mil milhões de euros.

No que toca aos recursos totais também se verificou uma queda, de 34,7 mil milhões até setembro de 2022 para 34,5 mil milhões em setembro de 2023. Os depósitos passaram de cerca de 28,5 mil milhões de euros para 28 mil milhões no terceiro trimestre de 2023.

No que diz respeito às renegociações para mitigar os impactos da subida das taxas de juros, o Novo Banco acrescenta numa nota enviada depois do comunicado sobre os resultados que “no âmbito do crédito habitação foram renegociados cerca de 17.700 contratos, principalmente com reduções de spread e taxa de juro com reflexo na respetiva prestação”.

O banco, adianta ainda que entre os clientes com crédito à habitação houve 1360 contratos que beneficiarem do regime de bonificação de juros, o qual foi agora alargado, embora os requisitos de acesso se mantenham apertados.

O Novo Banco sublinha que “tem apoiado ativamente os seus clientes, incluindo as famílias portuguesas com dificuldades financeiras”.

Rácios de capital melhoram

No período em análise, o Novo Banco destaca que “o rácio CET 1 fully loaded apresentou um aumento de cerca de 340 pontos-base (pb), face a dezembro de 2022 para 16,5%”. Já, “o rácio de solvabilidade subiu 390 pb para 19,3%”.

O Novo Banco argumenta que para esta evolução no capital contribuiu “a capacidade de geração de capital do modelo de negócio do banco e a disciplina na alocação do capital”, explicando que “o rácio de solvabilidade foi também influenciado pelo aumento líquido de 100 milhões de euros de instrumentos Tier 2 após a emissão da nova obrigação subordinada de 500 milhões de euros com vencimento em 2033”.

Notícia atualizada às 15h05 acrescentando informação sobre renegociação de crédito e bonificações .