Sistema financeiro

Lucros do BPI em Portugal disparam para €324 milhões até setembro

Os lucros do BPI em Portugal nos primeiros nove meses do ano cresceram 100% face a setembro de 2022. Em termos consolidados, com a operação em Angola e Moçambique, os lucros ascenderam a 390 milhões de euros, tendo aumentado 35%

O CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa
José Fernandes

Os lucros do BPI registaram em Portugal um crescimento muito expressivo. Para isso contribuiu “a subida das taxas de juro do mercado”, referiu o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa.

Para os lucros consolidados de 390 milhões de euros contaram os lucros nas operações em Angola e Moçambique, com 42 milhões e 24 milhões respetivamente.

Em Portugal o aumento dos ganhos duplicou, tendo ascendido a 324 milhões de euros até setembro.

A margem financeira (diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados no crédito) subiu 84% para 688 milhões de euros fruto da subida consistente das taxas de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE).

João Pedro Oliveira e Costa afirma que a margem financeira irá “estabilizar” e em 2024 irá reduzir-se, não só pelo aumento dos depósitos mas pelo abrandamento do crédito a empresas.

As comissões liquidas mantiveram-se idênticas às registadas até setembro de 2022, ou seja, em 218 milhões de euros.

Os custos de estrutura registaram um aumento de 12% para 375 milhões de euros. Ainda assim o ‘cost-to-income’ melhorou para 40,8% nos primeiros nove meses do ano.

Os recursos dos clientes decresceram 5% para 37 mil milhões de euros, com os depósitos de clientes a caírem 6% para 28,4 mil milhões de euros. Os recursos fora do balanço também caíram 2%, e apenas os seguros de capitalização registaram um crescimento ligeiro de 1% para 4,3 mil milhões de euros.

No crédito concedido verificou-se um aumento de 3% para 29,8 mil milhões de euros, verificando-se um aumento de 4% no crédito à habitação, apesar da subida dos juros.

O crédito a empresas ascendeu a 11,2 mil milhões de euros, uma subida de 2% face a igual período de 2022. O crédito ao consumo arrefeceu, registando uma descida 5% para 1,7 mil milhões de euros.

Verificou-se um aumento do crédito de 6% para 2,3 mil milhões de euros.

A rentabilidade dos capitais próprios ascendeu a 13,7% no período. O rácio de capital total é de 18,4%.

3400 renegociações e 4700 em bonificações

Em cerca de 200 mil clientes, o BPI realizou 3400 renegociações até setembro e, no que diz respeito à bonificação dos juros, numa primeira fase, o número de clientes a pedir bonificação a pagar pelo Estado ascendeu a 4700 clientes. A bonificação média anda à volta dos 10 euros por mês.

E, diz o administrador Francisco Matos, “estaremos preparados para responder aos clientes”.

Na apresentação de contas esta segunda-feira divulgadas, o BPI dá nota de que apenas cerca de 2,1% dos clientes (220 mil) renegociaram o crédito à luz dos regulamentos criados para o efeito (sem que haja marcação), e estes representam cerca de 2,8% relativamente ao montante que ascendeu a 414 milhões de euros.

Até setembro o BPI não colocou qualquer imóvel dado como dação em cumprimento para venda. Nos últimos três anos o número ascendeu a 20.

Venda em Angola à espera de melhores dias

No que diz respeito à venda da posição do BPI no Banco Fomento Angola “está a fazer o seu caminho”, diz João Pedro Oliveira e Costa.

E, embora se verifique um aumento dos resultados consolidados, a grande fatia diz respeito ao negócio em Portugal, já que os lucros dos bancos em Angola e Moçambique desceram.

E acrescenta: “O banco está muito bem, os rácios de solidez são bons” mas a desvalorização do kwanza é um dos factores de espera, aguardando-se que a moeda estabilize.

O lucro decorrente da participação no BFA (48,1%) ascendeu a 42 milhões de euros, menos 59% face a igual período de 2022. Dados do BPI dão nota de que este resultado também inclui o dividendo de 2022, além da desvalorização do kwanza

No que diz respeito à posição no Banco Comercial de Investimento, controlado pela CGD e pelo BPI, o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa recebeu 24 milhões de euros, menos 2% tendo em conta o período em análise.