Sistema financeiro

BPI com nova administração: gestão fica sobretudo nos homens, fiscalização nas mãos das mulheres

Antiga reguladora, Fátima Barros assume a presidência da Comissão de Auditoria que vai fiscalizar o trabalho feito por João Oliveira e Costa

José Fernandes

O Banco BPI já tem uma nova administração. O acionista único, CaixaBank, elegeu os 15 nomes, com apenas quatro mudanças face à equipa que estava em vigor. Fernando Ulrich continua a ser o presidente do Conselho de Administração, e João Oliveira e Costa é o presidente da Comissão Executiva. Fátima Barros, antiga presidente da Anacom, é agora a presidente da Comissão de Auditoria, que fiscaliza a gestão do dia-a-dia, segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Aliás, Fátima Barros, que substitui Manuel Sebastião (ex-Autoridade da Concorrência) neste cargo, vai contar sobretudo com mulheres nesse trabalho de policiar as decisões executivas. Serão cinco os elementos, quatro do género feminino: Joana Freitas e Sandra Santos, novos elementos da administração, entram para a Comissão de Auditoria, juntando-se a Natividad Capella. António Lobo Xavier é o único representante masculino neste órgão.

Já a Comissão Executiva tem uma presença feminina tímida, e só há pouco tempo. Susana Trigo Cabral foi acrescentada à equipa no verão, mal recebeu a autorização do Banco Central Europeu (não esperando pelos restantes elementos dado o seu papel na gestão financeira). É, aliás, uma das três mudanças de gestão que ocorreu este ano.

Agora junta-se mais um novo administrador executivo, Diogo Louro. Alarga-se assim para seis membros a Comissão Executiva, que se mantém sob o leme de Oliveira e Costa, contando ainda com Francisco Matos, Francisco Barbeira e Pedro Barreto.

Na anterior composição, o BPI não tinha nenhum homem na equipa da Comissão Executiva, o que contraria aquela que é a recomendação dos supervisores europeus de um equilíbrio de género nas administrações (e também nas equipas de gestão, já que mesmo na sua generalidade as mulheres têm mais presença como não executivas).

Cinco mulheres em 15 administradores

A administração do BPI, comandada pelo histórico Fernando Ulrich, continua com 15 elementos: Diogo Louro, Joana Freitas e Sandra Santos entram, para os lugares deixados vagos por Manuel Sebastião e por Elsa Roncon, antiga diretora da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, e Luis Vendrell. São seis mulheres em 15 elementos, ou seja, 40%.

A eleição da administração para o período 2023-2025 ocorreu na assembleia-geral de 31 de agosto, depois de a 15 desse mês o BCE ter dado a sua autorização. O novo Conselho de Administração reuniu-se esta quinta-feira, 7 de setembro, e dali saiu a nova Comissão Executiva, e outras comissões de apoio.

A Comissão de Riscos é presidida por Cristina Rios de Amorim; a de Nomeações, Avaliação e Remunerações cabe a Sandra Santos. Há ainda uma Comissão de Responsabilidade Social com membros que não são administradores do BPI, ainda que alguns já tenham sido: o fundador da entidade que deu origem ao BPI, Artur Santos Silva, preside, ao lado do ex-gestor José Pena do Amaral, a par ainda de António Barreto, Isabel Jonet e Rafael Chueca.

Desde 2018, o CaixaBank é o acionista único do BPI, pelo que é ele que decide quem são os nomes na instituição. O banco é um dos maiores portugueses, contando com 4 378 trabalhadores, dispersos por 318 balcões. Juntando com um banco em Moçambique e com a participação em Angola, o BPI gerou 256 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano.