Março foi um mês de nova queda em cadeia no montante total de depósitos das famílias nos bancos, com os particulares a migrarem para investimentos mais rentáveis, como os Certificados de Aforro. E, face a março de 2022, os depósitos também diminuíram. Desde 2017 que não havia um recuo homólogo dos depósitos.
De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados esta terça-feira, 2 de maio, pelo terceiro mês consecutivo caiu o stock total de depósitos de particulares nas instituições bancárias portuguesas. Em março, os depósitos reduziram-se em 3 mil milhões de euros face a fevereiro, para os 174,8 mil milhões de euros.
Ao mesmo tempo, aumentaram as subscrições líquidas de Certificados de Aforro - um instrumento de dívida do Estado português para o mercado de retalho - em 3,5 mil milhões de euros, especifica o BdP.
Face ao mês homólogo, registou-se uma queda de 0,3% nos depósitos de particulares nos bancos portugueses. “Esta taxa de variação anual negativa traduz uma redução dos depósitos, o que já não acontecia desde 2017. Recorde-se que o crescimento dos depósitos estava a abrandar desde novembro de 2022”, detalha o BdP.
No que toca a empresas, em março o stock de depósitos cifrava-se nos 65 mil milhões de euros, uma subida de 900 milhões de euros face a fevereiro e de 2,6% face a março de 2022, “o que representa um abrandamento em relação aos 5,1% observados em fevereiro”, segundo o BdP.
Do lado do crédito, registou-se uma nova desaceleração da concessão de empréstimos para habitação em março. O montante total no fim de março deste ano era de 99,7 mil milhões de euros, uma queda de 100 milhões de euros face a fevereiro. E face ao mês homólogo registou-se um recuo de 1,9%, a oitava desaceleração homóloga: em julho de 2022, a taxa de variação anual era de 4,8%.
No que toca ao crédito ao consumo, o crescimento homólogo foi de 4,6%, para um total de 20,6 mil milhões de euros em março.
Os empréstimos concedidos às empresas mantiveram-se inalterados nos 74,6 mil milhões de euros face a fevereiro, mas há a registar uma queda homóloga de 1%.
“Este foi o terceiro mês consecutivo em que os empréstimos às empresas se reduziram relativamente ao mês homólogo do ano anterior. A redução dos empréstimos relativamente ao período homólogo foi mais expressiva nas grandes empresas e nos setores da eletricidade, gás e água, do alojamento e restauração e das indústrias transformadoras”, explica o BdP.