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Sistema financeiro

BCE vai mesmo voltar a subir juros, apesar de ver abrandamento dos riscos

Presidente do BCE foi falar ao Parlamento Europeu e acabou a deixar um caderno de encargos aos eurodeputados. Ouviu acusações de insensibilidade pela subida de juros, mas voltou a direcionar as críticas para os governos

A presidente do BCE, Christine Lagarde
Vincent Kessler

As famílias e as empresas vão mesmo sentir um novo aumento do custo dos empréstimos bancários. Christine Lagarde reiterou que na reunião de março vai mesmo haver uma subida da taxa de juro do Banco Central Europeu (BCE) para 3%, depois de ter aumentado de 2% para 2,5% no início do mês, o que tem impacto nos créditos com taxa variável, como a esmagadora maioria dos créditos à habitação em Portugal. A postura é mantida, apesar de os riscos que a autoridade monetária vê serem agora ligeiramente menos agressivos do que no início do mês. E continuam os recados de Frankfurt para os governos.

“Os riscos para o crescimento económico são agora mais equilibrados do que eram em dezembro. A guerra da Rússia contra a Ucrânia e o seu povo continua a ser um risco negativo, mas a mais rápida resolução do choque energético deverá servir de amparo ao crescimento. Os riscos para a inflação são agora mais equilibrados, especialmente no curto prazo”, afirmou Christine Lagarde, dirigindo-se aos deputados do Parlamento Europeu na audição anual plenária, que se realizou em Estrasburgo esta quarta-feira, 15 de fevereiro. Foi essa visão mais positiva que mudou desde o início do mês, mas não a intenção de mexidas nos juros.