Dos quatro braços direitos de Fernando Santos à frente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), três recebiam o seu salário através da empresa do antigo selecionador nacional, a Femacosa. Ilídio Vale, contudo, era pago diretamente pela Federação, com uma particularidade adicional: nos primeiros anos teve um contrato de trabalho ‘normal’ e só depois, em 2016, constituiu uma empresa própria, passando a receber como prestador de serviços. A Autoridade Tributária (AT) diz que com esta alteração passou a pagar IRS sobre apenas 10% do salário e exige-lhe que devolva €153 mil ao Estado (para já sobre os anos de 2016 e 2017). O treinador discorda, recorreu, e o caso foi parar à arbitragem fiscal, onde a árbitra relatora estranha uma mudança do tipo de contrato a meio do jogo quando as suas funções se mantiveram as mesmas.
Ilídio Vale é outro histórico do futebol a cair nas malhas do Fisco. Durante anos foi coordenador e treinador das seleções mais jovens, passando em 2014 a integrar também a equipa técnica da seleção principal. Fernando Gomes, presidente da FPF, que na semana passada foi sua testemunha na inquirição que decorreu no Centro de Arbitragem Administrativa e Fiscal (CAAD), descreve-o como um ativo valioso, que era importante reter. Ilídio Vale começou por colaborar com a FPF em 2007 como prestador de serviços, mas em 2011 passou a ter contrato de trabalho. Os contratos eram a prazo, mas recebia salário (e pagava impostos) como um típico trabalhador por conta de outrem. Foi com contrato de trabalho que passou para a equipa principal. Em 2016, quando já levava dois anos como adjunto de Fernando Santos e o contrato chegava ao fim, aquando do “último jogo do Campeonato da Europa”, situou na sua audiência no CAAD, não o renovou. Fernando Gomes propôs-lhe que constituísse uma empresa, como já tinha feito dois anos antes com Fernando Santos.
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