A TAP viu os custos com os trabalhadores aumentarem de 416,7 milhões de euros em 2022 para 722,6 milhões de euros em 2023, um aumento substancial de 305,4 milhões, rubrica que acabou por dar um forte contributo para que a companhia tenha tido um prejuízo de 26,2 milhões no quarto trimestre, contra um lucro de 156,4 milhões de euros no período homólogo.
A penalizar os resultados do último trimestre esteve um custo extraordinário com os trabalhadores de cerca de 80 milhões de euros, uma pressão que deixará de existir em 2024. Os pilotos, cujo novo acordo de empresa foi assinado em julho, e é considerado mais generoso que o anterior, são quem mais pesa na massa salarial.
São números que acabam por ofuscar o lucro de 177,3 milhões de euros registado em 2023, num crescimento de mais 170% face a 2022. Foi o melhor resultado anual de sempre da TAP, batendo o anterior recorde, que datava de 2017, em torno de 100 milhões de euros.
As contas mostram que os custos com pessoal no quarto trimestre ascenderam a 270,4 milhões de euros, mais 121% do que no período homólogo, o que se traduz num agravamento de 148 milhões de euros. Este valor teria sido mais baixo, no montante de 191 milhões de euros, se não houvesse este custo extraordinário.
Pilotos ficam com cerca de 40% do bolo
A pesar nas contas do ano passado estão sobretudo os custos com pilotos e tripulantes, com especial destaque para os primeiros, que apesar de serem 1226, num universo de 7837 trabalhadores, representam cerca 40% dos gastos com esta rubrica. Os tripulantes de cabine, cujo novo acordo foi assinado com retroativos a novembro, são 3160.
Fontes conhecedoras do novo acordo de empresa, negociado pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), afirmam que este é mais generoso que o acordo existente antes da pandemia. Mas não foi só isso que fez aumentar os custos com esta classe profissional, houve um aumento do recurso a horas extraordinárias e a horas noturnas (uma novidade do novo acordo).
Conscientes da pressão provocada pelo novo acordo nas contas da TAP, o SPAC aprovou na passada sexta-feira, em assembleia geral, um documento em que se compromete a que não haja aumentos salariais em 2024 e que estes se limitem a 3% em 2025. A peso sobre a massa salarial é grande, situa-se nos 19%, e está a ser vigiada por Bruxelas, no âmbito do plano de reestruturação.
Os custos da TAP aumentaram acima das receitas, que no quarto trimestre a cresceram apenas 0,5%, para 1050 milhões de euros, enquanto os custos operacionais subiram 16,8%, para 1077 milhões de euros.
No conjunto do ano os custos cresceram a dois dígitos, aumentando 20,2%, para 3,87 mil milhões de euros, embora os custos com combustível tenham subido apenas 1,7%, para 1115 milhões de euros. Para o aumento desta rubrica pesa também uma subida das taxas aeroportuárias pagas à ANA - Aeroportos de Portugal, as taxas de navegação (NAV) e o handling, que custaram mais 44 milhões de euros no último trimestre de 2023 face ao trimestre homólogo de 2022.
No conjunto do ano, as receitas operacionais da TAP subiram 20,9%, para 4,2 mil milhões de euros, com o segmento de passageiros a representar a maior fatia, 3,85 mil milhões de euros e um crescimento homólogo de 25,4%.