A TAP vai ter, a parir de maio, mais 26 voos semanais nas para o Brasil e para os Estados Unidos, apostando mais no aeroporto Sá Carneiro, no Porto, visto que considera que a Portela, em Lisboa, continua a ser uma limitação para a sua operação. Sofia Lufinha, vogal do conselho de administração da TAP, sustenta que é mesmo necessário “um novo aeroporto”.
Entretanto, nas próximas semanas vai ser lançado o concurso para a realização de obras no aeroporto Humberto Delgado, prevendo-se “que a obra possa iniciar-se no último trimestre deste ano, e a primeira fase ficar acabada em 2026”, adiantou Francisco Pita, administrador da ANA, no congresso da Associação dos Diretores de Hotel de Portugal (ADHP) em Aveiro.
“É uma obra, não para aumentar a capacidade aeroportuária, mas para melhorar a operacionalidade”, explicou o administrador da ANA, referindo-se à obra que prevê a instalação do ‘pier sul’ junto ao terminal 1, com 10 novas posições de contacto.
“Vai ter um impacto grande nos passageiros, envolve 33 mil metros quadrados de construção, e os passageiros terão mais este espaço para se espalhar, e vai evitar o movimento enorme de autocarros junto ao terminal 1”, explicitou Francisco Pita.
Para as companhias aéreas, estas obras estão longe de resolver os problemas de um “aeroporto congestionado” como o Humberto Delgado. “Se a ANA está a fazer estas obras é porque foi obrigada pelo Governo em resolução de Conselho de Ministros”, realçou António Moura Portugal, presidente executivo da Associação das Companhias Aéreas em Portugal (Rena), enfatizando que “discute-se o novo aeroporto há muito tempo, mas não esqueçamos as obras que são necessárias de fazer no aeroporto de Lisboa”.
Para a TAP, a situação da Portela continua a ser limitada, mesmo com as obras anunciadas pela ANA. “Não vai ser através do aeroporto de Lisboa que vamos conseguir crescer nos próximos anos”, frisou Sofia Lufinha, vogal do conselho de administração da TAP.
“A TAP está a aumentar as frequências tanto no Brasil como nos Estados Unidos, é a companhia que, fora da Europa, traz mais turistas a Portugal, e só do Brasil trouxe um milhão de turistas em 2023”, destacou Sofia Lufinha.
A administradora da TAP detalhou ao Expresso as novas rotas previstas para o Brasil e os Estados Unidos, a partir dos aeroportos de Lisboa e do Porto - neste último caso com particular ênfase, dadas as limitações da Portela.
No próximo verão (que para a aviação começa em maio) a TAP passa a operar 96 voos semanais para o Brasil, quando no ano passado tinha 80. Para os Estados Unidos, a TAP passa este ano a ter 77 frequências semanais, e para o Canadá 20, num aumento de cinco ligações em cada um destes destinos.
Sobre as obras no aeroporto de Lisboa, “estamos a falar de uma manta de retalhos, vai-se corrigindo aos bocadinhos, não é o ideal, precisamos mesmo de um novo aeroporto”, sublinhou a administradora da TAP.
Easyjet aumenta a operação para Portugal em 9%
O diretor da Easyjet em Portugal, José Lopes, destacou que “este verão vamos crescer 9% em Portugal, com o equivalente a mais 3 milhões de lugares, e neste momento em Lisboa temos dificuldade de capacidade, e vamos tentando gerir tudo da menor forma para minimizar os impactos na operação”.
“O nosso plano de negócio ´para o país é continuar a crescer e a apostar em Portugal, incluindo as ilhas, onde há muito potencial a ser desenvolvido, e já somos a maior companhia aérea a operar na Madeira”, sublinhou José Lopes.
“Mas para isso temos de ter condições”, sublinhou o diretor da Easyjet,lembrando que, no aeroporto de Lisboa, “quase todas estas grandes obras vão decorrer em maio”, quando começa o período de pico para a aviação, trazendo mais “limitações” à operação. “O Governo devia ter uma atenção especial ao aeroporto de Lisboa, que está congestionado, e sem ter um olhar cego, tendo a preocupação de evitar que estas obras decorram nestes períodos mais difíceis”, sustentou.
O presidente da Associação das Companhias Aéreas em Portugal deixou claro que "os operadores estão a operar numa infraestrutura limitada", o que é muito difícil, e para as companhias aéreas qualquer pequeno atraso pode dar lugar a reclamações e a coimas".
“Temos todos consciência que estamos numa infraestrutura congestionada, é o mesmo que um hotel ter todos os dias os quartos a 100%, e se acontece qualquer disrupção com um cliente esta torna-se crítica”, considerou o administrador da ANA, frisando que "é o sistema em que vivemos.
Lembrando que no espaço de dez anos o aeroporto de Lisboa passou a receber mais 18 milhões de passageiros, Francisco Pita sublinhou que “isto obriga a que todas as coisas tenham de funcionar como um relógio suiço, com um grande esforço das equipas em relação a cada detalhe, de outra forma a operação no Humberto Delgado era virtualmente impossível”.