O grupo Porto Bay, que conta com 15 hotéis (12 em Portugal e três no Brasil), fechou o ano passado com uma faturação de 104 milhões de euros, mais 18% em comparação com 2019, considerando que foi “efetivamente um ano de viragem da pandemia na maioria dos destinos”.
“Pelo valor que atingimos, e tendo em conta que foram resultados otimizados a partir de abril do ano passado, pois até lá ainda vigoraram restrições, a nossa previsão em 2023 em 2023 é atingir crescimentos entre 5% a 10% nas receitas, muito ancorados no primeiro trimestre deste ano, que está a ser excecional”, adianta António Trindade, presidente do grupo Porto Bay.
O grupo, cujos hotéis totalizam 1680 quartos, atingiu no ano passado cerca de um milhão de dormidas, e ocupações médias de 83% em Portugal. O CEO do Porto Bay enfatiza os investimentos em sustentabilidade, que em 2022 representaram 2% da faturação, inserindo-se num “rigoroso plano de investimento”, que já envolveu 4 milhões de euros do grupo nos últimos três anos, resultando “na redução de 15% da pegada carbónica, em linha com os objetivos enunciados no Acordo de Paris”.
Investimentos em remodelações atingem este ano 10 milhões de euros
Uma das bases para o crescimento de receitas previsto assenta na “estratégia de revitalização contínua do parque hoteleiro”, processo que levou o grupo Porto Bay em 2022 a “continuar a investir fortemente em todas as unidades, iniciando o ciclo de remodelações iniciado já durante a pandemia”.
“Em 2022 investimos 8 milhões de euros na requalificação de hotéis, e para 2023 o objetivo é investir 10 milhões de euros”, destaca António Trindade.
A transformação digital é outra tónica dos investimentos do grupo, nomeadamente com a implementação de wifi 6 “porque o mundo comunica cada vez mais rapidamente”. O grupo Porto Bay enfatiza ter ainda investido 1,3 milhões de euros no ano passado em benefícios aos trabalhadores, oferecendo passes sociais gratuitos e a possibilidade de aderir a um Fundo de Pensões.
Os principais clientes nos hotéis do grupo continuam a ser britânicos, “um mercado que historicamente sempre foi predominante na Madeira”, mas que ocupam o primeiro lugar também nas unidades de Lisboa e do Porto. “Mesmo em mercados urbanos, o mercado inglês é o que transversalmente mostra mais lealdade com o grupo, e com os destinos em si", nota António Trindade.
Mas o crescimento de turistas dos Estados Unidos está a trazer surpresas, “e o principal mercado de cinco estrelas no Porto já são os norte-americanos, nunca julgaria que isso viesse a acontecer quando abri o hotel”, realça.
O terceiro mercado que se destaca no grupo, a nível de clientes, é o Brasil - o que o CEO do Porto Bay diz dever-se ao “aumento de frequências para este destino, e também o facto de termos unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo ajuda a um maior reconhecimento`por parte dos brasileiros”.
Dois novos hotéis, em Lagos e no Funchal
O grupo prepara dois novos hotés, em Lagos e no Funchal, de momento à espera de licença. O processo está a demorar mais do que o previsto, e é do nosso interesse começar os projetos o mais depressa possível, porque os nossos resultados financeiros o permitem", frisa o presidente do grupo Porto Bay.
Em Lagos, no Algave, o grupo projeta fazer um hotel “junto à zona velha, numa arriba antes de chegar à praia de Dona Ana, em terrenos onde existe um convento, curiosamente, designado da Trindade”, explicita António Trindade.
O grupo de origem madeirense também planeia fazer mais um hotel no Funchal, “na zona velha, na Rua de Santa Maria, no espaço de uma antiga fábrica de sidra”, avança o CEO do Porto Bay, detalhando que esta unidade terá 60 a 65 quartos, e terá “um ambiente fortemente diferenciador”.
“Temos estes dois investimentos em carteira, e têm levado mais tempo a concretizar, não por vontade nossa”, salienta o hoteleiro, frisando que “qualquer um destes projetos fica numa zona exclusiva, o que leva as câmaras a terem um cuidado redobrado na negociação”.
“Sempre fomos para projetos com uma percentagem grande de capitais próprios, e não queremos ir para estes investimentos com menos de 40% de capitais próprios”, sublinha ainda o presidente do grupo hoteleiro, adiantando estar “aberto ao mercado a oportunidades de gestão de unidades que possam surgir nomeadamente no Algarve”.