A Vodafone apresentou um conjunto de quatro pacotes de compromissos para compensar os eventuais efeitos nefastos sobre a concorrência devido à compra da Nowo. Mas nenhum deles convenceu, até agora, a Autoridade da Concorrência.
A transação deverá ter um desfecho em breve, acredita o presidente desta entidade, Nuno da Cunha Rodrigues, mas a demora, que admite ter existido, não ocorreu por sua culpa, segundo defende.
Quatro pacotes
A Vodafone anunciou a vontade de adquirir a Nowo, operadora com uma reduzida quota de mercado das comunicações, nos últimos meses de 2022, e desde aí tem estado em análise dentro da Autoridade da Concorrência, só que sem uma decisão final até aqui.
Na audição de Comissão de Economia desta quarta-feira, 3 de julho, Cunha Rodrigues defendeu que a Vodafone só apresentou o primeiro pacote de compromissos – para compensar eventuais problemas concorrenciais da fusão – no fim de 2023. Foi recusado no início de 2024.
Seguiram-se outros três pacotes, todos eles com a Autoridade da Concorrência a considerar que não satisfazem os problemas detetados dentro da instituição. Acredita a entidade, como o Expresso já escreveu, que os preços das telecomunicações fixas e móveis acabariam por subir com a transação.
AdC recusa responsabilidade
Aos deputados, Nuno da Cunha Rodrigues recusou, por isso, que tenha alguma responsabilidade na demora da avaliação, que, ainda assim, admite estar a verificar-se: “A análise está a demorar mais tempo do que seria desejável, mas não por responsabilidade da Autoridade”. “Não é habitual”, assume o líder da entidade, garantindo que “a análise é muitíssimo robusta”.
Mas há luz ao fundo do túnel da investigação: “A decisão está para sair”. A Vodafone já transmitiu que dentro do grupo está com dificuldades em explicar a razão para o prazo tão prolongado.
Despedimentos não são avaliados
Entretanto, a Nowo informou o Eco que a sua atual detentora, a espanhola MásMóvil, não vai continuar a investir em Portugal caso a compra pela Vodafone não se concretize, apontando para o risco de perda de 500 postos de trabalho.
Questionado pelo PSD sobre despedimentos, Nuno da Cunha Rodrigues disse desconhecer o que está em causa, mostrando mesmo dificuldades em entender como é que eles poderiam vir a acontecer. E defendeu também que a lei não prevê que a operação de concentração possa ser avaliada nesse sentido, quando deve olhar para os efeitos nos consumidores.