Ana Figueiredo, diretora executiva da Altice Portugal, considera que é necessária “uma clarificação” sobre a deliberação do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço que prevê a exclusão dos fornecedores de componentes de redes de telecomunicações que são oriundos de países que não pertencem à União Europeia (UE), NATO, ou OCDE. Alexandre Fonseca, diretor executivo do Grupo Altice admitiu ainda que terá de ser feita uma análise de impactos a nível financeiro, jurídico e operacional.
“Recebemos essa comunicação, estamos a analisar, e estamos numa fase de entendimento do âmbito e do alcance dessa decisão. Quando tudo estiver clarificado faremos a nossa análise relativamente aos impactos. Essa deliberação também refere parceiros e fabricantes e parceiros tecnológicos que podem estar sediados em países da UE e da Nato, mas podem depender de cadeias de fornecimento de países que dependam dessas geografias”, explicou Ana Figueiredo esta quinta-feira, à margem do evento de aniversário da Altice Labs em Aveiro.
A deliberação do Conselho de Segurança da Segurança do Ciberespaço surgiu no final da semana passada dando seguimento a uma iniciativa da Comissão Europeia que desenvolveu um grupo de critérios e fatores que poderiam ser seguidos para excluir fornecedores de tecnologias de rede que não respeitam a privacidade ou colaboram com serviços de informações ou governos não democráticos.
Tendo em conta que a China não faz parte nem da NATO, da UE ou da OCDE, as atenções viraram-se para a Huawei, que antes deste movimento na UE, foi banida dos EUA. Sendo que a Altice tem uma grande presença da Huawei nas antenas – mas mantém a Cisco na área nuclear de gestão da rede (o core) e acaba de assinar um acordo com a Nokia para a mesma área. Não será de estranhar que a operadora encare com desagrado uma deliberação que a obriga a desligar e substituir grande parte das antenas dispersas pelo país, mas Ana Figueiredo preferiu não tomar uma posição assertiva sobre o tema – e nem detalhes forneceu sobre o que a Altice Portugal irá fazer com as antenas da Huawei que tem em operação em Portugal.
“É preciso ainda clarificação, porque a deliberação fala de rede principal, sistemas de gestão de rede, rede core, rede de transmissão – e depois dessa clarificação tomaremos as nossas decisões”, afirmou Ana Figueiredo. Sobre o papel dos equipamentos Huawei, respondeu: “Trabalhamos com um grupo diversificado de fabricantes e parceiros tecnológicos e, em cima disso, desenhamos as nossas redes obedecendo aos standards nacionais e internacionais. Além disso somos auditados por organismos nacionais e internacionais”, reiterou Ana Figueiredo.
Também em visita a Aveiro, Alexandre Fonseca, atual co-diretor-executivo do Grupo Altice, remeteu para análise da delegação portuguesa uma tomada de posição. “É um tema em análise na Altice Portugal e, obviamente, que o grupo Altice está atento. No momento certo, e após a equipa portuguesa fazer a análise e nos passar a informação, faremos também a análise desses impactos ao nível do grupo. É uma notícia recente que merece uma análise profunda em diferentes perspectivas, sejam elas financeira, operacional ou jurídica”, referiu o gestor do Grupo Altice.