Agricultura

“O campo não planta, a cidade não janta”: mais de 100 veículos agrícolas realizam marcha lenta na ilha de São Miguel

Os agricultores dos Açores queixam-se das "enormes dificuldades" que o mundo rural enfrenta e pedem ao Governo um "olhar diferente para o setor". O protesto irá seguir pelas cidades de Ponta Delgada, Lagoa e Ribeira Grande

O protesto dos agricultores estendeu-se ao arquipélago dos Açores, onde, esta quinta-feira, mais de uma centena de veículos agrícola preparam-se para realizar uma marcha lenta entre Arrifes, no concelho de Ponta Delgada, e a cidade da Ribeira Grande.

Fernando Mota, porta-voz do Movimento Cívico de Agricultores que organizou a manifestação, alerta que existem “enormes dificuldades económicas em todo o mundo rural”. Sublinha que muitos dos agricultores estão mesmo “em falência técnica” e, por isso, exigem ao Governo regional e da República um “olhar diferente para o setor”.

“Todos os anos desistem agricultores. Os filhos não querem seguir as pegadas dos pais. Durante uma vida inteira, verem os pais a contar o trocos no fim do mês e que não dá para pagar as contas... Qual é o filho que quer seguir isto?”, questiona.

O porta-voz do Movimento Cívico de Agricultores lembra que são os agricultores quem coloca o comer “na mesa da população, três vezes por dia” e que “todos os dias a população precisa dos agricultores”. Por essa razão, defende que o setor “não pode ser o parente pobre da economia”.

Os manifestantes colocaram nos veículos faixas e cartazes em que se pode ler "União pela lavoura, preço justo para o leite", "2023 perdemos 30 milhões de euros. 2024?", "Exigimos soluções para a agricultura", "Queremos que valorizem o nosso produto de excelente qualidade" e "Menos Segurança Social, menos juros, menos impostos".

O protesto está a “superar as expectativas” da organização, apesar da chuva que cai na ilha de São Miguel. A marcha lenta, com saída de Arrife, percorrerá as ruas das cidades de Ponta Delgada e Lagoa, e terminará na Ribeira Grande.