Agricultura

Governo da Argentina garante que exportações de carne não estão feitas ao bife (mesmo com a inflação)

O governo argentino desmentiu uma eventual suspensão de exportações de carne, mas confirmou que estão a decorrer negociações para limitar os preços domésticos da carne

EITAN ABRAMOVICH/GETTY

A lidar com uma inflação superior a 100%, a Argentina não vai deixar de exportar carne. É esta a garantia do governo de Buenos Aires, que anunciou estar a negociar um tecto aos preços domésticos deste alimento, até aqui a acompanhar a subida vertiginosa sentida em toda a economia deste país sul-americano.

Fontes avançaram na terça-feira à Bloomberg que o governo argentino e o setor - um dos maiores exportadores de carne do mundo - tinham chegado a um acordo para suspender por 15 dias as exportações de carne, até alcançarem um acordo em relação ao preço máximo deste produto.

Porém, segundo a Reuters, o ministro da Agricultura argentino, Juan José Bahillo, confirma que o governo do país está, de facto, em negociações com o setor da carne para estabelecer um tecto máximo nos preços, mas reforçou que uma suspensão das exportações não está, para já, nas cartas.

“A nossa responsabilidade como agentes públicos é de dar certeza aos setores produtivos e tranquilidade às pessoas (…) estamos a negociar preços da carne para o mercado doméstico e não há suspensões de exportações de carne”, disse, segundo a agência.

Uma suspensão das exportações de carne pela Argentina, mesmo que temporária, teria um impacto significativo nos preços deste alimento em todo o mundo.

A ideia de limitar os preços domésticos da carne ocorre numa altura em que a inflação na Argentina rondava os 113% no registo mais recente referente a julho; com o preço dos alimentos a disparar 116%, segundo o instituto de estatísticas argentino.

O banco central da Argentina, entretanto, desvalorizou na terça-feira em 18% a divisa do país, o peso, e aumentou a taxa diretora para os 118%.

A vitória inesperada do candidato libertário Javier Milei nas primárias do país (obrigatórias para todos os eleitores e que funcionam como antecâmara para as eleições presidenciais, marcadas para outubro), cujo programa eleitoral inclui a dolarização da economia argentina, provocou fortes vendas do peso no mercado cambial na terça-feira, pressionando a cotação da moeda.