O mercado de São Paulo registou hoje a maior quebra em quase uma década, depois de o "chumbo" do Plano Paulson nos Estados Unidos ter levado a uma suspensão da negociação, quando o principal índice accionista (Ibovespa) caía mais de 10 por cento.
Às 16h30 locais (20h30) de Lisboa, o índice Ibovespa negociava nos 45.833 pontos, menos 9,75 por cento, a maior queda diária desde 14 de Janeiro de 1999.
A suspensão do mercado("circuit breaker") foi decidida quando a perda do índice superava os 10 por cento, e numa altura em que já se adivinhava o que minutos mais tarde veio a confirmar-se: a rejeição pela Câmara dos Representantes norte-americana de um plano da administração para aplicar 700 mil milhões de dólares (cerca de 479,21 mil milhões de euros) na compra dos activos em maior risco no sistema financeiro dos Estados Unidos.
Foi a primeira vez desde 1999 que o Ibovespa caiu mais do que 10 por cento, segundo a agência noticiosa Estado.
Ás 15h20 locais, cerca de meia hora depois do reinício da negociação, o Bovespa perdia 10,6 por cento.
O "circuit breaker" é o mecanismo utilizado pela Bovespa que permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento e o rebalanceamento das ordens de compra e de venda.
Até hoje, foi accionado apenas em 10 ocasiões, nomeadamente durante a crise financeira asiática de 1997, na crise da Rússia de 1998.
Grupos empresariais de grande dimensão como a Sadia e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) estiveram entre as maiores perdas de hoje, devido à sua exposição aos contratos de derivativos.
A CSN, segundo relatório do banco JPMorgan hoje citado pela Agência Estado, pode ter perdido 600 milhões de dólares com contratos de derivativos relacionados com os preços de papéis negociados nos Estados Unidos (American Depositary Receipt), que variam em função do câmbio.
Confrontado com a rejeição do Plano Paulson, o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, afirmou não haver ainda fim à vista para a situação de instabilidade nos mercados.
"Acabamos de ter mais uma surpresa, portanto os senhores verificam que a situação internacional é volátil e fizemos bem de não nos dedicarmos a fazer previsões", afirmou.