O conselho do Banco Central Europeu (BCE) não surpreendeu os mercados e decidiu esta quinta-feira em linha com o que os investidores e analistas esperavam. Em vez de parar para ver, como optou, no dia anterior, a Reserva Federal dos Estados Unidos(Fed), os banqueiros centrais do euro não hesitaram em prosseguir no ciclo de descida dos juros pela quinta vez
O corte foi uma vez mais de 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual) e a taxa de referência desceu para 2,75%, a mais baixa desde fevereiro de 2023. Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão, a presidente Christine Lagarde sublinhou que a decisão foi unânime e que um corte mais profundo, de meio ponto percentual (50 pontos-base), não esteve sequer em cima da mesa.
A razão que sustenta a continuação da descida dos juros é que “o processo desinflacionista [de abrandamento do ritmo mensal da inflação] está bem encaminhado”, com os banqueiros centrais do euro convencidos de que se “deverá regressar ao objetivo de médio prazo de 2% [de inflação] no decurso deste ano”. Contudo, Lagarde avisou que o comportamento da inflação pode “flutuar” em torno dos níveis atuais - acima de 2% - por algum tempo.
Por isso, e tendo em conta a incerteza global, a presidente do BCE repetiu, uma vez mais, que o banco não antecipa as decisões futuras, que as medidas serão tomadas reunião-a-reunião. “Pretender ter uma orientação futura sólida seria irrealista”, disse a francesa, que acrescentou que é “prematura” qualquer discussão sobre até onde descer os juros e definir qual seria a “taxa natural”, neutra em relação aos efeitos na economia da zona euro.
Ainda que o andar global da economia na zona euro não faça parte do mandato do BCE, a reunião não deixou de ser marcada por algumas más noticias que vêm do terreno: “a economia estagnou no quarto trimestre do ano passado, a produção industrial continua a contrair-se e a confiança entre os consumidores é frágil”, referiu a presidente.