Christine Lagarde deixou esta sexta-feira uma alfinetada ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no encerramento do Fórum Económico Mundial. Desafiou os talentos norte-americanos que estejam descontentes com o futuro dos Estados Unidos a virem para a Europa. “Talvez seja a altura de importar alguns talentos que podem estar descontentes do outro lado do Atlântico”, disse, com ironia, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) no painel de encerramento do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça.
Lagarde insurgiu-se contra o pessimismo sobre a Europa. Destacou os pontos fortes, como a descida da inflação para perto de 2%, uma situação orçamental abaixo de 3% do PIB de défice, um nível de dívida no PIB mais baixo do que o dos Estados Unidos e um grande contingente de talentos e uma massa de poupanças assinalável. E sublinhou: “A Europa não é um caso perdido”.
A francesa, neste exercício de levantar a moral europeia, teve a ajuda, inesperada, de um multimilionário norte-americano logo a abrir o painel. “Há muito pessimismo em relação à Europa. Acredito que provavelmente é hora de voltar a investir na Europa”, começou por dizer Laurence (Larry) Fink, fundador e CEO da BlackRock, a maior empresa de gestão de ativos no mundo. “O que vi esta semana em Davos é um pessimismo absoluto por parte dos europeus. Nunca vi ou ouvi mais pessimismo sobre o futuro da Europa”, lamentou. O guru de investimentos recomendou até: “Aposte sempre contra Davos e verá que ganhará muito dinheiro”. Na visão de Larry, é uma boa estratégia de investimento ir contra o consenso do mercado ou o sentimento predominante (no caso, em Davos). Como ele disse, “a good counter-trade” é sempre uma oportunidade.
"Aposte sempre contra Davos e verá que ganhará muito dinheiro”
Larry Fink, BlackRock