O milagre alemão foi sempre mais um mito do que uma realidade e acabou por colapsar com as mudanças geopolíticas e geoeconómicas que se acentuaram desde a pandemia, revela Wolfgang Münchau em “Kaput: The end of the german miracle”, publicado em Londres pela Swift Press e ainda sem edição em português. A Rússia tornou-se abertamente expansionista e obrigou a indústria alemã a ficar sem gás barato. A China avançou na sua estratégia de domínio de sectores estratégicos do futuro e deixou a histórica indústria automóvel alemã, símbolo de marcas de luxo, para trás na transição para os veículos elétricos. Münchau revela pessimismo não só sobre a economia alemã como sobre a União Europeia.
A entrevista exclusiva ao Expresso realizou-se numa altura em que se ficou a saber que a Alemanha está em recessão há dois anos consecutivos. Contraiu-se 0,3% em 2023 e caiu mais 0,2% em 2024. Nascido em 1961 em Oberhausen, na região de Düsseldorf, na então República Federal Alemã, com mestrados em matemática e jornalismo, foi editor-chefe do “Financial Times Deutschland” até 2003 e depois colunista do “Financial Times” até 2020. Desde 2012 que vive em Oxford, no Reino Unido, e fundou com a mulher, em 2006, o Eurointelligence, um serviço especializado de análise e informação. Escreveu na revista londrina “The New Statesman” até 2024 e é autor de uma coluna semanal no site britânico UnHerd.