O presidente da Mota-Engil critica o que considera serem os baixos valores-base das obras postas a concurso em Portugal, que em seu entender limitam a concorrência. Apesar de sinais de uma melhoria a este nível, aponta o dedo ao concurso para o segundo troço da primeira fase da linha de alta velocidade Porto-Lisboa (entre Oiã e Soure), cujo preço considera que também está desfasado da realidade, tal como o do primeiro troço, entre o Porto e Oiã. “É de uma exigência atroz”, diz Carlos Mota dos Santos. Ainda assim o consórcio de seis empresas portuguesas que a Mota-Engil lidera, e a quem foi adjudicado o primeiro troço, vai entregar uma proposta para o segundo troço em janeiro. A empresa diz também que vai concorrer a todos os projetos da alta velocidade (ao resto da linha Porto-Lisboa e às linhas Porto-Vigo e Lisboa-Évora) assim como ao novo aeroporto de Lisboa e às expansões dos metros do Porto e de Lisboa.
Durante muitos anos Portugal estudou, analisou, decidiu até avançar com infraestruturas importantes que depois nunca concretizou. Acredita que é mesmo desta que estas obras vão ser feitas?
Penso que hoje há um consenso político naquilo que é o chamado arco da governação, entre os dois principais partidos, PSD e PS, no que diz respeito a estas infraestruturas prioritárias. Tanto no projeto de alta velocidade ferroviária, como no novo aeroporto de Lisboa e no reforço da capacidade e de melhoria de qualidade do atual aeroporto Humberto Delgado, a par de outros projetos como a expansão dos metros de Lisboa e do Porto e outros projetos de infraestruturas. Não há um consenso geral na medida em que tudo se discute, se a bitola das novas linhas de comboio deve ser ibérica ou europeia ou se o aeroporto deve ser onde está decidido ou noutro sítio. Mas independentemente disso, tanto no anterior Governo como agora neste houve decisões. Está-se a implementar e agora é necessário começar a executar. Nós não podemos andar sempre a decidir e a deixar de decidir as coisas. Depois de se iniciar a execução estes temas passam a ser menos apaixonantes e menos polémicos e discutidos.