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Economia

“As grandes empresas beneficiaram do desastre: lucraram de forma sem precedentes com uma das piores crises a que se assistiu”

Foi pioneira ao atribuir responsabilidade por grande parte da inflação recente à política de concertação de preços entre várias empresas. Nesta entrevista ao Expresso, a economista alemã Isabella Weber diz que as crises inflacionistas vão tornar-se mais frequentes, que o controlo de preços pode repor alguma confiança nas pessoas, e que, caso contrário, forças populistas continuarão a ganhar tração, por apresentarem soluções fáceis para problemas complexos

A economista alemã Isabella Weber
Mike Coppola

É professora de Economia na Universidade de Massachusetts Amherst e investigadora do Fairbank Center de Harvard, mas o que defende já foi caracterizado como “verdadeiramente estúpido” pelo prémio Nobel Paul Krugman, e foi atacada por vários outros colegas da área. Mas Isabella Weber também já recebeu vários pedidos de desculpa.

Criada na Alemanha Ocidental durante a era da reunificação, trabalhou como economista no Reino Unido e nos Estados Unidos durante quase uma década. Em 2021 publicou o seu primeiro livro, com reconhecimento internacional: “Como a China escapou à terapia de choque". E foi em 2022 que tudo mudou, durante a explosão da variante Omicron do coronavírus. Um artigo de opinião sobre a inflação, que Isabella Weber escreveu para o jornal “The Guardian” em dezembro, tornou-se inexplicavelmente viral. Weber passou a ser odiada entre os economistas, por ter proposto um “debate sério sobre estratégia de controlo de preços”. Hoje, gozando da sua notoriedade, pode falar das suas conquistas: já discursou no Congresso norte-americano e foi ouvida pelo Ministério dos Assuntos Económicos alemão, que queria conter os preços do gás e do aquecimento. O Expresso conversou com a investigadora, que explicou as suas teorias sobre lucros e política económica.