A Venezuela que foi às urnas no domingo passado pode ser descrita como “uma mistura de Dubai para uma minoria e um Haiti para a maioria”, como ironizava Omar Zambrano, economista-chefe e CEO da consultora Anova Policy Research, em Caracas.
O analista venezuelano não cunhou uma palavra composta como o académico Edmar Lisboa Bacha inventou para o Brasil em 1974 na fábula Belíndia, caracterizando a economia do seu país sob a ditadura militar como uma mistura de Bélgica para os ricos e Índia para os milhões de pobres. Mas a metáfora de Zambrano sintetiza uma economia que tem uma Bolsa em ebulição desde o início de 2022, a par de negócios do Estado e de grupos privados que aproveitaram a janela de oportunidade para as exportações aberta pela flexibilização das sanções por parte dos Estados Unidos, num país com mais de metade da população na pobreza extrema, uma quebra brutal da participação dos rendimentos do trabalho no PIB e uma fuga de quase 8 milhões de cidadãos.