O consórcio liderado pelo fundo Warburg Pincus, do qual fazem parte o português António Horta Osório e a Zeno Partners, poderá regressar às negociações para a compra da Altice Portugal, depois de ter sido afastado na fase inicial do processo por ter oferecido um preço abaixo do pretendido por Patrick Drahi. Agora que a Saudi Telecom está fora da corrida - noticia avançada esta sexta-feira pelo Jornal Económico e o Eco -, o gestor e antigo banqueiro admite o regresso à mesa das negociações, se para isso for convidado pelo patrão da Altice.
"O que eu posso dizer é que se os acionistas resolverem retomar o processo [de venda da Altice Portugal] e quiserem falar connosco sobre o assunto, eu e os meus sócios estamos disponíveis para analisar, e para potencialmente submeter uma oferta vinculativa", afirmou António Horta Osório, convidado do podcast ‘Money Money Money’, que será publicado em breve.
Antóniio Horta Osório reafirmou: "o processo tem estado parado e, obviamente, depende do vendedor acelerar ou não esse processo. Nós estaremos disponíveis para aquilo que ele pretende fazer".
Chamando PT à Altice Portugal, Horta Osório salienta que acha as telecomunicações "um setor estratégico muitíssimo importante", defendendo que "é uma empresa especialmente importante, não só por ser líder, mas pelo facto de ter ativos importantes". Apontando para os cabos submarinos, a Altice Labs, e os centros de dados. "Por isso, e bem, quer este governo, quer o governo anterior, disseram que olhariam com todo o cuidado para o potencial processo de venda e para quem poderiam ser os compradores", frisou.
"Pelas razões que apontei, a Altice Portugal faz sentido como todo, incluindo a sua fibra óptica, os centros de dados, os cabos submarinos, os laboratórios. É uma empresa que tem enorme potencial. Gostava de relembrar que já foi uma das maiores empresas portuguesas".
O ex-presidente do Grupo Credit Suisse e do britânico Lloyds e administrador não executivo da Impresa – proprietária do Expresso – tem dito que quer recuperar a marca Portugal Telecom (PT), aprofundar a aposta na Altice Labs, antiga PT Inovação, com sede em Aveiro, e reforçar a componente de exportações da empresa portuguesa. Tem também como objetivo recuperar a matriz portuguesa do operador histórico, e voltar a usar a marca e nome PT.
Desistência de sauditas levará a venda da MEO à estaca zero?
Patrick Drahi estava em negociações exclusivas com a saudita STC para a venda da Altice Portugal devido a um desencontro em relação ao preço. Há três anos que o patrão da MEO testa a venda da operação portuguesa sem sucesso.
A venda da Altice Portugal pode ter entrado num novo impasse. Patrick Drahi, noticiou esta sexta-feira o Eco, rompeu as negociações exclusivas com a saudita STC, potencial comprador da operação portuguesa, alegadamente por não se terem entendido em relação ao preço. Já não é a primeira vez que o preço faz recuar o patrão da Altice.
Em 2021, Drahi testou a venda da antiga PT no mercado, como noticiou então o Expresso, mas ninguém ofereceu um montante que agradasse ao empresário franco-israelita. O investidor não conseguiu que alguém lhe oferecesse os €6,5 mil milhões que então pretendida.
Preço dita fim das negociações com sauditas
Não foram tornados públicos os detalhes da rotura das negociações entre STC - empresa controlada em 64% pelo fundo soberano da Arábia Saudita - mas segundo ECO os sauditas consideraram que as avaliações do seu assessor financeiro, o banco de investimento Morgan Stanley, estavam desajustadas e, nesse contexto, pediram para iniciar uma due diligence com vista à revisão do valor oferecido.
Sem os sauditas STC na corrida à compra da Altice Portugal, poderá abrir-se a oportunidade para outras candidatos tentarem a sua sorte. Um deles poderá ser o fundo Warburg Pincus, que avançou associado a António Horta-Osório, mas não foi considerado ilegível por Drahi, porque oferecia um valor abaixo da meta pretendida pelo magnata das comunicações. O consórcio liderada pelo fundo Warburg, adianta agora Horta Osório, está disponível para voltar a negociar.
Resta saber se a Iliad, do milionário francês Xavier Niels, pode voltar a jogo, ou os fundos Apollo e CVC. Ou se Patrick Drahi desiste de vender aquele que ainda é hoje o maior operador português de telecomunicações, líder em todos os segmentos.
Drahi, segundo Bloomberg, definiu como preço para os ativos da Altice Portugal, cerca de 8 mil milhões de euros.
A Altice Portugal, antiga PT, tem-se revelado um excelente negócio para Patrick Drahi, cuja venda das antenas e de 49,9% da rede já lhe rendeu cerca de 3 mil milhões de euros.