Economia

Ricos vendem ações e propriedades com receio de aumento de impostos sobre mais valias no Reino Unido

Vários indivíduos ricos do Reino Unido estão a vender ações, propriedades e outros ativos dias antes de uma esperada vitória esmagadora do Partido Trabalhista, que temem que aumente o imposto sobre as mais-valias, escreve o Financial Times

JUSTIN TALLIS / AFP / GETTY IMAGES

De acordo com o Financial Times, muitos indivíduos ricos do Reino Unido estão a desinvestir em vários ativos, incluindo ações e propriedades. Os gestores de fortunas de todo o país registam um aumento da atividade entre os seus clientes abastados, que se preparam para um possível aumento do imposto sobre as mais-valias.

Segundo o jornal, planeadores financeiros afirmam que a onda de vendas abrange um grupo diversificado de clientes, desde executivos de empresas a empresários. A especulação gira em torno das possíveis políticas fiscais dos Partido Trabalhista de Keir Starmer, caso vença as eleições de 4 de julho.

"Estamos a ver muitos clientes preocupados com um potencial aumento do imposto sobre as mais-valias", explicou Toby Tallon, sócio da Evelyn Partners, ao FT. Tallon observou que muitos clientes estão a livrar-se ativos, em especial os que necessitam de liquidez imediata, enquanto outros adotam uma atitude cautelosa de "esperar para ver" enquanto aguardam o resultado das eleições.

Nick Ritchie, diretor sénior da RBC Wealth Management, também ouvido pelo FT, fez eco destes sentimentos, salientando o "nervosismo geral" devido à incerteza em torno das políticas fiscais dos Trabalhistas. Revelou que uma minoria de clientes já vendeu ativos para garantir que os seus ganhos são tributados à taxa atual de 20%, receando futuros aumentos. Ritchie alertou também para um potencial êxodo de indivíduos ricos que procuram evitar impostos mais elevados, o que poderia resultar numa "fuga de cérebros" prejudicial para a economia do Reino Unido.

Andrew Shepherd, Diretor Executivo da Brooks Macdonald, uma empresa de gestão de património, advertiu ao FT que uma medida desse tipo poderia "desencorajar potencialmente o investimento no Reino Unido numa altura crítica para a economia". Shepherd salientou que os pedidos de informação dos clientes aumentam normalmente durante os períodos eleitorais, uma vez que as pessoas procuram orientação sobre o impacto que as novas políticas podem ter nas suas estratégias financeiras.

O Partido Conservador comprometeu-se a não aumentar o imposto sobre as mais-valias.

Os Trabalhistas, procurando tranquilizar o público, reiteraram que os seus planos não implicam aumentos adicionais de impostos.

"Apresentámos planos totalmente orçamentados e financiados, com lacunas fiscais muito específicas que iremos colmatar", afirmou um porta-voz do partido.