“Foi um bom trimestre do banco”, afirmou Miguel Maya na apresentação dos resultados do primeiro trimestre do BCP. O lucro ascendeu a 234,3 milhões de euros, mais 8,4% face a igual período de 2023, com o negócio em Portugal a contribuir com um ganho de 203,5 milhões de euros, o que representou uma melhoria de 18,4% face aos primeiros três meses de 2023.
O retorno do capital (ROE) situou-se nos 15%, o que reflete uma boa evolução, sublinhou Miguel Maya. O presidente executivo do BCP destacou o facto de a operação na Polónia ter registado pelo sexto trimestre consecutivo resultados positivos.
O Bank Millennium registou um resultado líquido de 29,7 milhões, “apesar dos encargos de 190,91 milhões associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (dos quais 117,42 milhões de euros de provisões)”.
Também a operação em Moçambique, o Millennium Bim, registou um resultado positivo de 22,6 milhões nos primeiros três meses do ano.
Miguel Maya destaca a redução dos ativos não produtivos face a face a março de 2023, que se traduziu “em 223 milhões de euros em NPE [ativos não produtivos], 60 milhões em imóveis recebidos por recuperação e 43 milhões em fundos de reestruturação”.
A margem financeira (diferença entre os juros pagos nos depósitos e cobrados no crédito) cresceu em termos homólogos 4,8%, para 696, 2 milhões de euros, embora em Portugal a margem financeira tenha decrescido marginalmente 0,2% para 339,1 milhões de euros.
Durante a conferência de apresentação dos resultados, o presidente executivo do BCP, sublinhou o facto de esta evolução de menor crescimento da margem financeira estar dentro da estimativa que já tinha feito no final de 2023.
As comissões registaram em Portugal uma ligeira redução (0,2%) para 141,4 milhões de euros.
No que toca às imparidades verifica-se uma redução. As provisões caíram de 318,2 milhões para 218,6 milhões, cerca de 31%, das quais as imparidades e provisões para crédito caíram 8,5% para 73,5 milhões em março de 2024. As provisões para riscos legais em créditos na Polónia também se reduziram 32,7% para 117 milhões de euros.
Custos sobem
No que toca aos custos verificou-se um aumento 14,7% em ternos consolidados, para 308,1 milhões de euros, com mais ênfase na atividade internacional.
Na atividade em Portugal os custos de 5,5% para 154,6 milhões de euros em Portugal, com destaque para o aumento dos custos com o pessoal (de 80,2 milhões para 86,2 milhões nos primeiro três meses de 2024.
Miguel Maya sublinha, contudo que o rácio de eficiência está num patamar muito confortável: 35,5%.
Os recursos totais cresceram 7% para 98,5 mil milhões de euros, sendo que em Portugal os recursos 1,5% face a março de 2023 para 67,98 mil milhões de euros.
Falta negócio
O crédito concedido recuou em termos globais 0,8% para 56,82 mil milhões de euros. Na atividade em Portugal a carteira de crédito recuou 3,8% para 38,41 mil milhões de euros.
Miguel Maya sublinha que esta evolução se deve à política monetária restritiva. “A redução do negócio é expectável, estaria estupefacto se com esta política monetária, o BCP crescesse em volume de negócio”. Aí, prosseguiu, a questão seria: "o que estão a fazer na política de risco",
Os rácios de capital mantiveram-se sólidos. O rácio CET1 situou-se nos 16% e o rácio total 20,5%.
BBVA volta ao mercado
Quando questionado sobre a OPA do BBVA sobre o Sabadell , outrora acionista do BCP, Miguel Maya não comenta. E diz mesmo que as fusões e aquisições "podem acontecer, aqui e ali", mas ao BCP o que interessa “olhar pelos clientes”. Referindo ainda que o tema das concentrações fará mais sentido quando a União Bancária for concluída.