A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) recomenda que os governos tenham em conta o impacto das alterações climáticas durante o planeamento e tomada de decisões em matéria de infraestruturas. O relatório “Infraestruturas para um futuro sustentável face às alterações climáticas” incentiva a construções que estimulem um crescimento económico e um desenvolvimento sustentáveis.
"O investimento adequado em infraestruturas pode ajudar a melhorar a qualidade do crescimento, apoiando a ação climática e, ao mesmo tempo, protegendo a biodiversidade e reduzindo a poluição e aumentando a resiliência aos riscos das alterações climáticas", afirmou Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.
De acordo com a análise da OCDE, do Banco Mundial e das Nações Unidas, será necessário um investimento anual de mais de seis biliões de euros em infraestruturas para garantir o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris. As perdas económicas resultantes de catástrofes aumentaram sete vezes entre as décadas de 1970 e 2010, passando de uma média de 182 mil milhões de euros por ano para 1,4 biliões de euros.
"Mas os investimentos necessários são significativos. Para desbloquear os investimentos privados em matéria de proteção climática, será necessário um planeamento a longo prazo dos projetos, a redução dos obstáculos regulamentares, acordos eficazes de partilha de riscos e, quando necessário, a utilização orientada e estratégica do apoio público para atrair o financiamento privado, em especial quando o calendário de retorno dos investimentos em matéria de proteção contra as alterações climáticas pode constituir um obstáculo à participação do setor privado.", acrescentou o secretário-geral da OCDE.
O relatório salienta ainda que os países em desenvolvimento estão significativamente mais expostos a catástrofes relacionadas com o clima, especialmente os países menos desenvolvidos e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento, entre 10 e 30 vezes mais do que os países da OCDE. Isto deve-se a importantes carências de recursos e custos de financiamento mais elevados, o que dificulta a sua capacidade de construir infraestruturas de qualidade.
Além das necessidades em termos de recursos financeiros, o relatório aponta também para a eficácia das soluções baseadas na natureza, como a utilização de mangais ou recifes de coral para reduzir os riscos de inundações costeiras ou de tempestades, que proporcionam medidas rentáveis para proteger os bens e serviços de infraestruturas.