Economia

INE confirma inflação de 2,1% em fevereiro, com subida nos alimentos a abrandar, mas eletricidade a pressionar

Os bens alimentares e bebidas não alcoólicas ajudaram a inflação a recuar em fevereiro. Já os transportes, telecomunicações e despesas da casa pesaram nas contas dos portugueses. A eletricidade foi a categoria de produtos cujo preço mais aumentou

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O INE confirmou esta terça-feira a estimativa avançada no final de fevereiro que apontava para uma taxa de inflação de 2,1% nesse mês. É um recuo face aos 2,3% de janeiro, mas um valor ainda superior aos 1,4% registados em dezembro. Agora, com mais detalhe, o instituto explica que os bens alimentares e bebidas não alcoólicas ajudaram a inflação a recuar. Já os transportes, telecomunicações e despesas da casa pesaram nas contas dos portugueses.

O gabinete estatístico destaca a descida da taxa de inflação nos bens alimentares e bebidas não alcoólicas (de 2,7%, para 0,8%), dos acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação (de -0,1%, para -1%) e do lazer, recreação e cultura (de 2,5% para 1,6%).

Por outro lado, o INE destaca os aumentos no caso dos transportes (de 1,7% para 3,2%), na habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (de 4,3% para 5,7%) e das comunicações (de 5,4% para 6,7%).

De recordar que, em fevereiro, as três principais operadoras de telecomunicações a operar em Portugal aumentaram o preço dos seus serviços em 4,3%, em linha com a taxa de inflação de 2023.

“Comparando com o mês precedente, é de salientar a diminuição da contribuição para a variação homóloga do IPC da classe dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, parcialmente em consequência do efeito de base associado ao aumento de preços registado em fevereiro de 2023. Em sentido oposto, destacam-se as classes dos transportes e da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis”, lê-se na nota do INE.

Eletricidade tem maior aumento de preços

Analisando ainda com mais detalhe, o gabinete estatístico nota que os serviços de telefone móvel tiveram o maior aumento de preços mensal (7,91%), enquanto a roupa de mulher viu a maior queda dos preços, de cerca de 9,3% (de notar, contudo, que fevereiro ainda foi mês de saldos e promoções nas principais lojas de vestuário).

Mas a nível homólogo o maior aumento deu-se na eletricidade (18,3%) e a maior queda no gás (-18,7%).

Tendo em conta que os bens alimentares e bebidas não alcoólicas tiveram a sua influência para o abrandamento da inflação, olhamos com mais detalhe para esta categoria. Entre os produtos desagregados, o maior aumento deu-se no açúcar e produtos doces (3,5%) e a maior queda nos produtos hortícolas (-1,8%).

Olhando agora para o que pesou mais no índice, no caso das despesas da casa, a maior subida e a maior queda aconteceram na eletricidade e gás, respetivamente. O segundo maior aumento dos preços deu-se nos serviços associados à recolha de lixo (11,87%) e o segundo maior decréscimo (e único, além do gás), deu-se nos combustíveis sólidos (-0,38%).

No caso dos transportes é a manutenção e reparação do equipamento que mais pesa (com um aumento de quase 7,5%), enquanto o preço de aquisição de bicicletas foi o único que desceu (-2,96%). Já nas comunicações, os serviços postais dispararam mais de 16%, enquanto os equipamentos telefónicos viram os preços descer quase 7%.

Inflação subjacente continua em queda

Entre outros indicadores relevantes está a taxa de inflação subjacente, que, por excluir os produtos alimentares não transformados, como carne, peixe, legumes e frutas, e produtos energéticos, de preços mais voláteis, é encarada como uma forma de estimar a tendência de longo-prazo da subida de preços. É, aliás, um dos indicadores cruciais para o Banco Central Europeu decidir se baixa, ou não, as taxas de juro.

Em Portugal, este indicador tem continuado a sua tendência decrescente, atingindo os 2,1% em fevereiro (2,4% em janeiro). O indicador foi revisto em baixa pelo INE, que inicialmente estimava uma taxa de 2,2%.

Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que conta para as comparações feitas a nível europeu, foi de 2,3% em fevereiro face ao período homólogo, mais 0,2 pontos percentuais do que o de janeiro.

A estimativa da zona euro indica que a inflação no conjunto dos países da área da moeda única terá sido de 2,6%, colocando assim Portugal abaixo da média.