O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, afirmou esta segunda-feira na apresentação de resultados do banco que o capital do banco é “tão robusto” que não precisa de ter especial preocupação em ter acionistas com capital para suportar eventuais necessidades futuras. O gestor referia-se à redução do capital do acionista chinês, Fosun, de 29,95% para 20,3% no banco.
"Ter acionistas com capital para suportar o banco faz parte do passado e não do futuro", afirmou na conferência de apresentação das contas de 2023. Maya referiu ainda que vai propor a distribuição de 30% dos lucros, o que vai superar os 250 milhões de euros, caso os acionistas o aprovem em assembleia agendada para 22 de maio. O BCP tem cerca de 120 mil acionistas.
Quanto à evolução do negócio em 2024, Maya diz estar “otimista”. Depois da normalização das taxas de juros (descida) é natural que as famílias e empresas voltem a procurar financiamento. Em 2023 devido às taxas de juro elevadas (pico já terá passado) a contração manteve-se e só deverá reanimar este ano, diz o gestor.
Miguel Maya sublinhou que o BCP está “grato” aos acionistas de referência, a Fosun e a Sonangol, que foram muito importantes na vida do banco". O gestor do BCP reafirmou que se iniciou um novo ciclo para remunerar o capital investido pelos acionistas como referiu ao Expresso a 24 de janeiro depois da redução do capital da Fosun no BCP.
A Sonangol que tem mantido a sua posição de 19,49% e segundo Maya não tem intenções de vender. E a Fosun entrou no BCP numa altura sensível e de reestruturação na qual foi importante o aporte de um acionista de referência. Mas sublinha que o BCP pode ter “um free float elevado”, como havia já dito ao Expresso. Maya não espera precisar de capital e considera ser normal ter uma dispersão em bolsa como têm outros grandes bancos internacionais.
Já Nuno Amado, chairman do BCP, que marca presença nas apresentações de contas anuais, faz questão de sublinhar que o banco vai passar a pagar dividendos “de uma forma consistente”.
O BCP regressou ao pagamento de dividendos em 2019, depois de 10 anos de suspensão, em 2020 e 2021 não houve pagamento de dividendos devido à crise pandémica e este ano a intenção é começar a remunerar de “forma adequada e equilibrada” os acionistas, disse Miguel Maya. O banco registou um lucro de 856 milhões de euros em 2023.
Pagamentos ao Novo Banco continuam a ser difíceis de digerir
Quer Miguel Maya, quer Nuno Amado acusam o esforço para um banco como o BCP, único cotado, no modelo criado para financiar o mecanismo do Novo Banco, praticamente esgotado.
Miguel Maya volta a defender que este deveria ser pago por todos os operadores que fazem negócio bancário no mercado português e não apenas pelos bancos com sede em Portugal.
Neste âmbito Nuno Amado referiu mesmo na sua intervenção que para este mecanismo o BCP já desembolsou 480 milhões de euros.