Economia

Risco de pobreza de desempregados em 2022 era quase o quintuplo do da população empregada

O risco de pobreza dos desempregados em Portugal aproximava-se dos 47% em 2022, mas passava este valor nas regiões autónomas. A nível geral, o risco de pobreza no país era de 17%, acima do verificado em 2021, mas abaixo do registo de 2020

Foto: Getty Images

O risco de pobreza entre os desempregados em Portugal em 2022 era o quintuplo do da população empregada, tendo ficado perto dos 47%, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta terça-feira.

Os dados do gabinete estatístico têm por base uma componente do módulo sobre “Mercado de trabalho e habitação” realizado em 2023 (a repetir a cada três anos), que permite a análise do risco de pobreza e da desigualdade de rendimento contextualizada pela relação dos indivíduos com 18 ou mais anos com o mercado de trabalho e com a escolaridade. Os dados são relativos ao ano 2022.

Naquele ano, 17% das pessoas estavam em risco de pobreza em Portugal. Era um valor superior aos 16,4% de 2021, mas inferior aos 18,4% do ano 2020.

Mas o risco não era igual para todos. Para quem tinha trabalho, o risco em 2022 era de 10%, mas para os desempregados era de 46,7%. Ou seja, o risco era quase cinco vezes o registado pela população empregada.

Mas a distância era ainda maior nas regiões autónomas. Por exemplo, nos Açores, a população empregada tinha cerca de 16% de risco de pobreza, enquanto a desempregada passava os 62%. Na Madeira estes valores são de 15,7% e 57,7%, respetivamente.

Já no caso dos reformados, a taxa de risco de pobreza situou-se nos 15,4% e para as restantes pessoas inativas foi de 31,2%.

Face a 2021, a taxa de risco de pobreza apenas diminuiu para a população empregada, tendo aumentado para a população desempregada e inativa (em 2021 as taxas de risco de pobreza registadas foram de 43,4% e de 27,8%, respetivamente).

Segundo o INE, “é também na população desempregada que a intensidade da pobreza e a desigualdade na distribuição do rendimento são mais elevadas”.

Além do mais, quanto mais tempo estiver desempregado, maior é o risco de pobreza. Se estiver desempregado há menos de um mês, o risco de pobreza é pouco superior ao risco como se estivesse empregado (menos de 15%), mas se estiver há mais de 12 meses o risco sobe para 50,5%.

Empregados felizes, risco de pobreza menor

O gabinete estatístico indica ainda que "o aumento do grau de satisfação com o emprego está associado à redução do risco de pobreza". Mais concretamente, a taxa de pobreza entre os indivíduos nada ou pouco satisfeitos com o trabalho (12,5%) foi superior à taxa de pobreza entre os indivíduos muito ou totalmente satisfeitos (9,7%).

E é no setor público que o risco de pobreza é menor (3,9%, face a 9,7% no privado).

Mas no emprego público também se regista uma diminuição do risco de pobreza ao trabalhar-se mais, enquanto no privado a relação não é tão evidente. Segundo o INE, no público, “a taxa de risco de pobreza diminui à medida que aumenta a duração semanal de trabalho, estando a classe correspondente ao maior número de indivíduos – 31 a 35 horas semanais – associada a um risco de pobreza de 4,7%”.

Já no privado, destaca-se “a maior incidência da pobreza entre os indivíduos que trabalham menos de 30 horas semanais (maioritariamente em situações de trabalho parcial)”.