Economia

Fed não antecipa corte de juros e diz que está atenta aos riscos da inflação

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), o banco central norte-americano, decidiu esta quarta-feira voltar a não mexer nos juros e a não dar qualquer sinal sobre um movimento futuro de corte de juros. Alerta que o cenário económico é incerto e avisa que “continua altamente atento aos riscos de inflação”.

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos
Yuri Gripas/Reuters

O banco central norte-americano (Fed) decidiu esta quarta-feira, por unanimidade, não mexer nos juros, mantendo-os em 5,5% (no limite superior do intervalo que usa), e não deu qualquer sinal de antecipação de algum movimento futuro no corte nos juros.

A Reserva Federal avisou que o cenário económico “é incerto” e que “continua altamente atenta aos riscos da inflação”.

Acrescentou que o Comitê de política monetária, chefiado por Jerome Powell, não considera que “seja apropriado reduzir o intervalo dos juros [atualmente em 5,25%-5,5%) até que tenha ganho maior confiança de que a inflação está a caminhar de forma sustentável em direção a 2%”. “Tivemos seis meses de bons dados de inflação, Não estamos à procura de melhores dados, mas da continuação dos bons dados”, referiu Powell na conferência de imprensa em Washington DC que se seguiu à reunião.

E repetiu a mesma máxima que é usada, também, por Christine Lagarde no Banco Central Europeu: “Estamos dependentes dos dados económicos. As decisões são tomadas reunião a reunião. Reagimos a dados. É a única forma de atuar. Não podemos ajustar mecanicamente”. “O momento para tomarmos uma decisão [de iniciar um ciclo de corte nos juros] estará ligado a ganharmos confiança de que a inflação vai sustentadamente na direção dos 2%”, acrescentou Powell.

Tal como já estava bem claro no comunicado oficial, a Fed não descura o risco da inflação. Powell sublinhou nas suas declarações que “há o risco. O da inflação reacelerar, Ou, talvez, o maior risco seja da inflação estabilizar num nível significativamente acima de 2%”.

"Talvez o maior risco seja da inflação estabilizar num nível significativamente acima de 2%” - Jerome Powell, presidente da Fed

Em virtude dessas cautelas, o comité dirigido por Powell quer ter “confiança” que o processo de desinflação (de redução da inflação em direção à meta de 2%) é sustentável. “Não será em março [na próxima reunião] que teremos já chegado a esse nível de confiança - mas logo se verá”. Na reunião de 20 de março, a Fed discutirá novas projeções económicas baseadas na opinião dos seus membros.

A reunião desta quarta-feira decidiu ainda que a Fed continuará a reduzir as sua carteira de títulos do Tesouro e de outra dívida. Powell avançou que o banco já reduziu 1,3 biliões de dólares (€1,2 biliões) no seu balanço. Powell admitiu que se “houver um inesperado enfraquecimento, isso poderá levar a um corte [nos juros] mais cedo”. Nomeadamente se a taxa de desemprego sair dos mínimos em que tem estado nos últimos dois anos, abaixo de 4%, o que não acontecia há 50 anos.

Jerome Powell admitiu que o crescimento deverá abrandar este ano. O Fundo Monetário Internacional ainda esta semana avançou com uma desaceleração do crescimento de 2,5% em 2023 para 2,1% em 2024 e 1,7% em 2025.

Recorde-se que, este mês, o Banco Central Europeu, o Banco do Japão, o Banco Popular da China e o Banco do Canadá também deixaram os juros inalterados.