Portugal voltou esta quarta-feira ao mercado de dívida pública emitindo 1699 milhões de euros em três linhas de obrigações a vencer em outubro de 2028, abril de 2042 e fevereiro de 2045. É a terceira vez que, desde início do ano, coloca dívida pública, depois de uma operação sindicada realizada a 4 de janeiro e de um leilão de bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo) na semana passada. Os juros pagos esta quarta-feira variaram entre 2,471% a 4 anos até 3,527% no prazo a 21 anos.
Com a operação sindicada de início de janeiro e o triplo leilão desta quarta-feira, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) já colocou 41% do seu objetivo para 2024 de emissão de 14,3 mil milhões de euros em dívida de médio e longo prazo. Nas duas operações emitiu cerca de 5,7 mil milhões de euros.
Os juros pagos no leilão triplo desta quarta-feira foram inferiores ao registado no mercado secundário para a dívida a 4 anos (2,51%) e abaixo da taxa paga em setembro do ano passado no último leilão de 2023 em que o IGCP colocou dívida a 12 anos tendo. então, pago 3,587%.
No resumo feito por Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, o balanço foi positivo: “No primeiro leilão de obrigações do Tesouro, Portugal emitiu 1 699 milhões de euros, numa tripla emissão de dívida de longo prazo. Na emissão a 4 anos, colocou 345 milhões de euros com uma procura de 2,76 vezes e taxa de 2,471%, na de 18 anos, colocou 675 milhões de euros com uma procura de 1,42 vezes e taxa de 3,462% e na de 21 anos, colocou 679 milhões de euros com uma procura de 1,4 vezes e taxa de 3,527%". Um dos traços marcantes, sublinha Filipe Silva, é o facto de "no último leilão de obrigações de longo prazo, em setembro de 2023, Portugal, depois de um movimento acentuado no ano passado, onde assistimos a uma subida dos prémios de risco, para o prazo de 12 anos pagou uma taxa de 3,587%, superior ao conseguido hoje para os leilões de 18 e 21 anos".
Portugal já não realizava leilões de obrigações desde setembro de 2023. A primeira operação de 2024 foi uma colocação sindicada de 4 mil milhões de euros que registou uma procura 4,9 vezes superior à emissão, um rácio, no entanto, inferior a operações similares realizadas pela Áustria, Bélgica, Estónia, Espanha e Irlanda. O juro de 2,997% pago pelo Tesouro português foi inferior ao pago pela Eslovénia, Estónia e Espanha em operações sindicadas similares em janeiro.
O plano de financiamento do Estado português para 2024, avançado pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), na parcela que recorre a emissão de dívida em obrigações aponta para uma colocação de 13,9 mil milhões de euros. Recorde-se que, no ano passado, o IGCP colocou apenas 9,4 mil milhões em dívida obrigacionista e que não realizou nenhuma operação sindicada de lançamento de uma referência nova no prazo a 10 anos.
PRIMEIRAS OPERAÇÕES SINDICADAS NA ZONA EURO
De 1 a 19 de janeiro de 2024
Zona euro colocou €64,5 mil milhões em operações sindicadas
Em janeiro, dez países membros do euro, incluindo Portugal, foram ao mercado da dívida pública realizar operações de sindicação de novas linhas de obrigações (para servirem de novas referências) ou de reabertura de linhas de longo prazo.
Nas operações realizadas colocaram 64,5 mil milhões de euros e registou-se uma procura quase dez vezes superiores, de 625,6 mil milhões de euros. Em alguns casos a procura bateu recordes anteriores.
Recorde-se que Portugal lançou uma nova linha de referência a 10 anos, com um título a vencer em 2034, tendo pago um juro de 2,997%, acima do custo conseguido pela Áustria, Bélgica e Irlanda, mas abaixo dos juros pagos pelos Tesouros da Eslovénia, Espanha e Estónia.