Economia

China reduz reservas obrigatórias dos bancos para impulsionar a economia

Pequim vai reduzir o rácio de reservas que os bancos devem manter, com o objetivo de impulsionar a economia em desaceleração e acalmar os mercados que, nos últimos dias, chegaram a atingir mínimos de cinco anos

Thomas Peter/REUTERS

O Banco Popular da China (banco central) anunciou, esta terça-feira, que vai reduzir o rácio de reservas que os bancos devem manter, com o objetivo de impulsionar a economia em desaceleração.

O anúncio provocou um aumento dos preços das ações nos mercados chineses, com o índice de referência de Hong Kong a subir 3,6%.

As praças financeiras chinesas definharam nos últimos meses, com os investidores a retirarem dinheiro, desencorajados por uma recuperação vacilante após o país abdicar da política de 'zero casos' de covid-19. Segundo a “Reuters”, nos últimos dias, os índices da China chegaram mesmo a atingir mínimos de cinco anos.

Antes do anúncio do banco central, os mercados já tinham estabilizado ligeiramente na terça-feira devido a relatos de uma reunião entre Pequim e responsáveis dos órgãos estatais de investimento, conhecidos como "seleção nacional", para que estes agissem, tal como fizeram durante a crise de 2015, escreve a “Reuters”. As quedas abruptas de 2015 – um dos índices de Xangai chegou a cair mais de 40% desde o seu pico no espaço de dois meses e meio – alimentaram receios quanto à estabilidade do sistema financeiro da China, mas após a compra de ações por parte destes órgãos, o ‘pânico’ que se gerou na altura diminuiu, como relembra a “Bloomberg”.

No início da semana, surgiram informações não confirmadas de que o Governo tencionava fazer com que as empresas públicas de investimento canalizassem fundos 'offshore' para os mercados, a fim de ajudar a estancar as perdas. As medidas do banco central parecem fazer parte de um esforço concertado para estabilizar os mercados e incutir maior confiança nas perspetivas da segunda maior economia do mundo.

O governador do banco central, Pan Gongsheng, disse que as reservas obrigatórias de depósito seriam reduzidas em 0,5% (o maior corte em dois anos) a partir de 5 de fevereiro, adiantando que a medida injetaria cerca de 1 bilião de yuan (130 mil milhões de euros) na economia. A notícia de terça-feira, da “Bloomberg”, indicava que em cima da mesa estaria um pacote de ajudas do dobro do valor anunciado esta quarta-feira, isto é, 2 biliões de yuans (260 mil milhões de euros).

A notícia da agência financeira também referia que Pequim iria reservar, pelo menos, 300 mil milhões de yuans (38 mil milhões de euros) de fundos locais para investir em ações ‘onshore’ através da China Securities Finance ou da Central Huijin Investment.

Em conferência de imprensa, Pan Gongsheng afirmou que o banco central também planeia emitir em breve um plano de empréstimos para empresas de construção, visando apoiar a indústria, que enfrenta uma grave crise de liquidez.

A economia da China está a recuperar e isto permite uma ampla margem de manobra para as políticas.

"Atualmente, os riscos financeiros do nosso país são geralmente controláveis, as operações globais das instituições financeiras são sólidas e os mercados financeiros estão a funcionar sem problemas", afirmou.

A economia chinesa acelerou no último trimestre de 2023 e fixou a taxa anual de crescimento em 5,2%, correspondendo ao objetivo estabelecido pelo Governo chinês, segundo dados oficiais divulgados este mês.

Esta aceleração reflete o efeito base de comparação face à paralisia da atividade económica no ano anterior, suscitada pela política de 'zero casos' de covid-19.

O PIB da China cresceu 3% em 2022, uma das taxas mais baixas dos últimos 40 anos.

Numa base trimestral, a economia cresceu 1% no quarto trimestre, abrandando em relação à expansão de 1,3% registada entre julho e setembro do ano passado.