Há muito que as grandes empresas cotadas na Bolsa portuguesa adotaram sistemas de denúncia de irregularidades abertos a todas as partes relacionadas: não só os trabalhadores, mas também os acionistas, os clientes ou os fornecedores têm via aberta para denunciar de forma anónima o que considerem que está mal. Adotaram esse sistema antes de se ter tornado obrigatório, porque essa era uma das recomendações de boas práticas de governo das sociedades. As que não o tinham adotado diziam não precisar dele.
Uma análise do Expresso à informação prestada pelas empresas do índice PSI relativamente a 2022 mostra que continua a verificar-se grande assimetria na informação que é dada sobre o número de denúncias que recebem e a sua gravidade. As organizações que prestam mais e melhor informação são a Navigator, que vem conservando este estatuto há alguns anos, a Mota-Engil e a Galp. Nenhuma quis conceder ao Expresso mais informação do que a que está nos seus relatórios e contas, não sendo por isso possível avaliar se as denúncias foram feitas por colaboradores ou se vieram por via externa.