As direções do ‘Jornal de Notícias’ e do diário desportivo ‘O Jogo’ apresentaram esta quinta-feira demissão, dois dias depois de a direção da TSF também se ter demitido em bloco.
Num comunicado interno a que o Expresso teve acesso, o Conselho de Redação do ‘Jornal de Notícias’ refere que “tomou conhecimento, com grande consternação, da demissão da direção do JN”, uma tomada de posição que os jornalistas entendem como um “sinal inequívoco de que esta redação e quem a lidera não aceita que se possa denegrir publicamente um jornal, os seus leitores e até uma região e um país”.
O CR do JN “enaltece o esforço e a forma empenhada como a direção do JN aguentou o jornal nos tumultuosos tempos” que a Global Media Group (GMG) tem atravessado, “particularmente difíceis nos últimos meses, tentando fazer o melhor jornal todos os dias, independentemente dos meios e vontades”.
A mesma nota sublinha a “verticalidade, seriedade e integridade” da diretora Inês Cardoso e agradece a “forma empenhada, abnegada e com enormes sacrifícios pessoais com que zelou, com a restante direção, pela manutenção do espírito e da matriz do JN, um jornal próximo dos leitores há 135 anos”.
O Conselho de Redação do ‘Jornal de Notícias’ agradece igualmente aos diretores-adjuntos Pedro Ivo Carvalho, Manuel Molinos e Rafael Barbosa, bem como ao diretor de arte Pedro Pimentel, relevando o trabalho feito em “defesa de um jornal que não é de quem o faz, mas de quem o compra - e foram mais de 23 mil em outubro - e de quem o lê, cerca de 400 mil, todos os dias”, tanto na edição em papel como no site.
A redação do JN garante que “vai continuar a trabalhar, fazendo o melhor jornal que conseguir, ainda que sob a ameaça de vir a perder 40 jornalistas”, o que representa cerca de metade do quadro redatorial.
Diretor e diretor-adjunto d'O Jogo demitem-se
Num outro comunicado, o Conselho de Redação do jornal O Jogo, informa que o diretor, Vítor Santos, e o diretor-adjunto, Jorge Maia, apresentaram a demissão nesta quinta-feira, sustentando a decisão na “degradação das condições tecnológicas, funcionais e de recursos humanos” do diário.
Os dois estão disponíveis para se manterem em funções até que nova direção seja designada. Perante a decisão, a direção realçou e agradeceu “o esforço e sacrifício de todos os jornalistas”.
“Os profissionais têm sido duramente afetados nos últimos tempos por uma série de decisões e comunicações, com impacto profundo nas respectivas famílias”, diz a mesma comunicação, que vinca “solidariedade” para com os membros da direção “que deram sempre tudo o que tinham” e lamenta “mais um golpe profundo” no coração do grupo de comunicação.
O grupo Global Media tem tido pagamentos do trabalho suplementar, do subsídio de Natal e os ordenados dos trabalhadores avençados (pagos à peça) em falta.
Segundo uma trabalhadora que não quis ser identificada, desde o início da semana que estes profissionais tentam saber o que se passa “e nem uma palavra da administração. Não sabemos se vamos receber antes do Natal, ninguém nos diz nada."
Trabalhadores da TSF antecipam o fim da “rádio que mudou a rádio”
Depois de a Comissão de Trabalhadores da TSF se ter reunido, esta segunda-feira, com a administração do grupo, os trabalhadores da rádio juntaram-se para afirmar que, “perante o anunciado corte de 30 trabalhadores, a conclusão é unânime: o projeto editorial da TSF está ameaçado de morte.”
Num comunicado a que o Expresso teve acesso, escrevem: “Os trabalhadores estão profundamente preocupados com a extinção de um projeto com 35 anos de história, marca inabalável do jornalismo livre, uma referência na informação em Portugal: a rádio que mudou a Rádio.”
Dizem ser impossível manter o projeto como é conhecido pelo público, com menos 30 pessoas, quase metade do número total, e apelam a um sobressalto cívico.
“A sociedade deve estar ciente de que a mudança da linha editorial da TSF, agrava a atual conjuntura da comunicação social e representa um claro retrocesso para a democracia em Portugal.”, escrevem.