Os maiores produtores mundiais de petróleo poderão nos próximos dias anunciar um prolongamento dos cortes de produção até ao início do próximo ano, como forma de puxar pela cotação da matéria-prima. Mas se esse efeito nos preços pagos pelos consumidores de combustíveis tende a ser imediato, o impacto dessa eventual decisão do cartel na economia portuguesa poderá ser residual. A análise de sensibilidade da proposta do Orçamento do Estado para 2024 prevê que um agravamento de 20% do preço do Brent, o petróleo de referência na Europa, apenas teria um impacto negativo de 0,1 pontos percentuais (pp) no Produto Interno Bruto (PIB).
No passado fim de semana, o “Financial Times” avançava que a Arábia Saudita se preparava para estender pelo menos até à primavera a redução de um milhão de barris por dia que impôs a si mesma no passado verão. Isso serviria para puxar pelo preço do crude, que na semana passada caiu para 77 dólares por barril, um mínimo de quatro meses. A queda foi reflexo de um aumento dos stocks e da redução do risco geopolítico, de acordo com Vítor Madeira, analista da corretora XTB. A possibilidade de os cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) virem a ser prolongados impulsionou no início desta semana a cotação do Brent para cerca de 82 dólares. Mas na quarta-feira a OPEP anunciou o adiamento da reunião que estava prevista para este fim de semana em Viena, reagendando o encontro para 30 de novembro. A decisão, que poderá traduzir um desacordo sobre os cortes, fez a cotação do Brent cair quase 5%, para os 78 dólares por barril.