É uma fasquia que não era atingida em Portugal há 14 anos. No terceiro trimestre de 2023, o número de pessoas a trabalhar no país superou cinco milhões pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2009. O número exato de pessoas agora empregadas em Portugal foi de 5,02 milhões, precisamente o mesmo registado na altura. Contudo, a composição do emprego no país mudou muito, com uma reconfiguração das qualificações. O número de trabalhadores com ensino secundário mais do que duplicou e o mesmo aconteceu com o número de profissionais com formação superior. Em sentido contrário, o número de empregados com formação no máximo até ao ensino básico (9º ano de escolaridade) caiu para cerca de metade.
O arranque de 2009 marca precisamente o início de um período conturbado da economia nacional, marcada por crises sucessivas. Primeiro, a grande recessão mundial que sucedeu à crise financeira de 2008. Depois, a crise das dívidas na zona euro, com Portugal a ter de pedir ajuda internacional. A história é conhecida. A economia portuguesa afundou, arrastando o mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2013 a taxa de desemprego atingiu o seu pico, 18,5%. Ou seja, quase 10 pontos percentuais acima do registado quatro anos antes, no início de 2009. De então para cá verificou-se uma descida marcada na taxa de desemprego, que apenas a pandemia interrompeu. E, apesar da degradação da conjuntura económica ao longo de 2023, a taxa de desemprego ficou em 6,1% no terceiro trimestre, inalterada face aos três meses anteriores e apenas 0,1 pontos percentuais acima do terceiro trimestre do ano passado.