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Economia

91% dos trabalhadores querem ver salário nas ofertas de emprego

Divulgação da faixa salarial nas ofertas de emprego é uma exigência cada vez maior dos candidatos. Europa já tem lei, mas em Portugal as empresas não acompanham e até falam em riscos e dificuldades de gestão

Número de trabalhadores e candidatos a emprego que reclamam maior transparência salarial está a aumentar. Mas empresas ainda não acompanham a tendência
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São poucas as organizações que o fazem e, em regra, apenas em sectores ou funções onde as remunerações praticadas são mais elevadas. Um estudo recente da Coverflex para o mercado nacional concluiu que 90,6% dos profissionais em Portugal gostariam de ver o valor salarial clarificado logo nas ofertas de emprego. A exigência é sobretudo expressiva entre os jovens. Mas, apesar da imensa dificuldade em contratar talento qualificado que as empresas têm vindo a denunciar, por cá continua a ser residual a percentagem de anúncios de emprego que incluem esta informação. O país tem legislação específica para a transparência salarial, a Comissão Europeia também adotou normas nesta matéria — muito claras no que toca a ofertas de emprego — e, mesmo sem enquadramento legal específico em vigor, vários países têm feito este caminho nos últimos anos como forma de alcançar a tão ambicionada igualdade de género e diminuir o fosso salarial entre homens e mulheres. Por cá, os especialistas ouvidos pelo Expresso falam numa tendência que encontra alguma resistência por parte das empresas e até sinalizam que, embora os benefícios da prática, divulgar salários nas ofertas de emprego pode dificultar o recrutamento e criar constrangimentos de gestão.

São os números que melhor traduzem a vontade dos profissionais. O último relatório “O Estado da Compensação 2023-24”, o estudo da Coverflex, empresa especializada em soluções flexíveis de benefícios que analisa as últimas tendências de compensação em Portugal, mostra que mais de metade (55,6%) dos trabalhadores no país gostariam de ver os salários da empresa onde trabalham publicitados. E este não é o único indicador a demonstrar que a exigência de maior transparência salarial está a ganhar escala.