A economia portuguesa sofreu uma contração em cadeia de 0,2% no terceiro trimestre deste ano, ou seja, em relação aos três meses anteriores. Já em termos homólogos, isto é, na comparação com o terceiro trimestre de 2022, cresceu 1,9%. Os dados são da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicada esta terça-feira.
Estes valores representam um desempenho pior do que o observado no trimestre anterior. Os dados do INE relativos ao segundo trimestre deste ano, que foram ligeiramente revistos em alta (em 0,1 pontos percentuais), indicam que nesse período o PIB cresceu 0,1% em cadeia e 2,6% em termos homólogos.
Além disso, os dados do terceiro trimestre ficam ligeiramente abaixo das previsões dos economistas ouvidos pelo Expresso em antecipação aos dados do INE. Essas projeções apontavam, em média, para um crescimento homólogo de 2% e uma variação nula em cadeia no terceiro trimestre. Havia, contudo, grande divergência entre as previsões, o que sinalizava alguma incerteza sobre os números que o INE iria publicar.
O que explica este pior desempenho da economia portuguesa? O INE ainda não dá detalhes, que apenas serão divulgados no próximo dia 30 de novembro, mas já deixa as grandes linhas. E a conclusão é que a explicação está na frente externa.
Assim, “o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB diminuiu em relação ao verificado no trimestre anterior”, aponta a autoridade estatística nacional. E salienta que foi o “resultado da desaceleração significativa das exportações de bens e serviços em volume, tendo a componente de bens registado uma redução expressiva”. Por sua vez, "as importações de bens e serviços registaram uma redução
moderada devido à componente de bens".
Em sentido contrário, a procura interna "registou um contributo positivo para a variação homóloga do PIB, superior ao do trimestre
anterior". Isto por causa da “aceleração do investimento”, já que se verificou “um abrandamento do consumo privado”.
Quanto à queda em cadeia do PIB, o INE aponta que “o contributo da procura externa líquida para a taxa de variação em cadeia do PIB passou a negativo, após ter sido positivo no segundo trimestre”. Um contributo negativo que refletiu “a redução das exportações quer de bens, quer de serviços, incluindo o turismo”.
Já o contributo da procura interna “passou de negativo a positivo no terceiro trimestre, observando-se aumentos do consumo privado e do investimento”, destaca o INE.