A Galp Energia obteve nos primeiros nove meses do ano um lucro de 718 milhões de euros, mais 18% do que no mesmo período do ano passado. Considerando somente o terceiro trimestre, o resultado ajustado do grupo (desconsiderando efeitos como a variação de stocks), cifrou-se em 210 milhões de euros, mais 12% em termos homólogos, mas abaixo dos 258 milhões do segundo trimestre.
Na base contabilística IFRS, o resultado líquido da Galp de janeiro a setembro cifrou-se em 906 milhões de euros, menos 11% face ao ano passado, enquanto o lucro do terceiro trimestre foi de 303 milhões de euros, apenas 1% aquém do obtido há um ano, informou a Galp em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) disparou 35% no terceiro trimestre, para 1057 milhões de euros. Apesar de o negócio upstream (extração e produção de petróleo e gás) ter recuado 3%, para 594 milhões de euros, a Galp viu disparar os ganhos da área industrial (refinação, principalmente), de 48 para 342 milhões de euros.
Também as divisões comercial e de renováveis apresentaram crescimentos do EBITDA, mas mais moderados, de 7% e 12%, respetivamente.
Apesar do aumento do EBITDA no terceiro trimestre, no conjunto dos primeiros nove meses do ano este indicador ficou 2% aquém de 2022, somando 2,84 mil milhões de euros. No entanto, a Galp está agora a projetar para o total de 2023 um EBITDA ajustado de pelo menos 3,5 mil milhões de euros, melhorando a anterior estimativa, que era de 3,2 mil milhões.
A descida do EBITDA acumulado dos primeiros nove meses é explicada principalmente pela área upstream, que recuou 27%, para 1,66 mil milhões de euros, já que o negócio industrial mais do que duplicou os seus ganhos, de 333 para 866 milhões de euros. Nas renováveis o EBITDA até setembro mais do que triplicou, de 33 para 110 milhões de euros.
Globalmente, embora as contas deste ano tenham sido penalizadas pela ausência da contribuição de Angola (operação entretanto vendida pela Galp) e por um “ambiente menos favorável de preços de petróleo e gás”, o grupo acabou por beneficiar de um forte desempenho na refinação, à boleia de margens mais altas.
A redução das depreciações, amortizações e imparidades em 26% face ao ano passado e a melhoria do resultado financeiro permitiram à Galp melhorar o seu resultado líquido dos primeiros nove meses, apesar do deslize de 2% do EBITDA.
A Galp também atualizou as suas perspetivas para este ano, estimando um preço médio do Brent (petróleo de referência na Europa) de 83 dólares por barril (a anterior previsão era de 75 dólares) e uma margem de refinação de 11 dólares por barril (acima da anterior projeção, de 9 dólares).
O grupo prevê ainda fechar o ano com uma produção petrolífera média de 120 mil barris por dia (acima dos 115 mil barris inicialmente estimados).
O investimento do grupo no conjunto de 2023 deverá ascender a 1,1 mil milhões de euros.