Há dez anos, Portugal integrava as cinco economias do euro que, desde 2010, foram resgatadas pela troika de uma bancarrota que os mercados davam como certa. A dívida portuguesa estava no clube das cinco piores do euro, juntamente com a Grécia, Irlanda, Chipre e Espanha, sucessivamente resgatados. Entretanto, ocorreu uma revolução na geografia do prémio de risco exigido pelos investidores para deterem dívida de alguns dos periféricos do euro.
A Irlanda subiu rapidamente para o clube dos melhores da zona euro, reduzindo a dívida pública para menos de 80% do produto interno bruto (PIB) logo em 2015, e Portugal trilhou um caminho de vários anos para se financiar com juros de longo prazo mais baixos do que o vizinho espanhol. Nos leilões mais recentes, na dívida a vencer em 2029, o Tesouro português pagou um juro médio de 3,181% enquanto o espanhol pagou 3,679%. Numa obrigação a vencer em 2035, Portugal pagou 3,632%, menos do que Espanha num título a vencer mais cedo, em 2033, em que Madrid pagou 4,067%. Segundo as previsões recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2024, o rácio da dívida portuguesa no PIB será já inferior ao da Bélgica e França.