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Economia

Altice garante realização da Web Summit

Operadora detida por Patrick Drahi, de nacionalidade israelita, irá cumprir contrato para fornecer wi-fi e utilizar Altice Arena. Governo garante que evento “decorrerá com normalidade”

Paddy Cosgrave demitiu-se da liderança da Web Summit depois da polémica sobre as suas declarações
Tiago Miranda

Paddy Cosgrave saiu da liderança da Web Summit, e Amazon, Facebook, IBM e Google cancelaram a ida à Feira Internacional de Lisboa entre 13 e 16 de novembro, mas a dúvida que pairava sobre a maior mostra de tecnologias da Europa só caiu quarta-feira pela voz da Altice: “A MEO é fornecedora da Web Summit, com quem mantém um contrato de prestação de serviços, desde 2016”, confirmou a operadora ao Expresso. Antes desta posição, a Web Summit garantiu que “a Altice é o principal parceiro de tecnologias na Web Summit”, mas o silêncio face às questões de jornalistas e intervenientes do sector chegou a dar a ideia de que a operadora, que é liderada pelo empresário israelita Patrick Drahi, poderia aderir ao boicote desencadeado pela embaixada do seu país.

O caso era especialmente delicado: sem a Altice seria inviável montar o evento num cenário alternativo a três semanas do arranque. Além das comunicações por wi-fi, a operadora é uma das donas do Altice Arena, que acolhe as principais palestras. A ligação entre Altice e Web Summit tem por base um contrato, mas a operadora esclarece que “não estão previstas outras iniciativas no evento”. Já nas últimas edições do evento, a participação da Altice não foi muito além da prestação de serviços — mas há outro fator a ter em conta: ao contrário dos patrocinadores, a Altice poderia ter de arcar com compensações e custos de imagem se avançasse para o cancelamento de contrato. A estes dados junta-se ainda o facto de o líder da empresa ser israelita e o silêncio poder ser encarado como uma proteção face a pressões e polémicas iniciadas com as declarações de Paddy Cosgrave e o consequente boicote israelita.