O limite para os bónus dos banqueiros no Reino Unido está prestes a ser eliminado, escreve o “Financial Times”. A medida ainda é uma ‘herança’ das leis europeias e, na ótica das autoridades, é uma barreira que “limita a mobilidade laboral” e que não é prática fora da União Europeia (UE).
Segundo o jornal, a medida surge na sequência de uma consulta realizada este ano sobre a possibilidade de abolir esta regra de 2014 que limita os bónus ao dobro do salário base para funcionários de bancos, sociedades de construção e empresas de investimento.
Na altura em que a regra foi imposta, o Reino Unido ainda se encontrava na UE e alguns reguladores britânicos mostraram-se contra a mesma. Contudo, desde o Brexit que o governo britânico quer remover esta limitação, por forma a tornar Londres mais atraente para as empresas financeiras.
Num relatório divulgado esta terça-feira, a Autoridade de Regulação Prudencial do Banco de Inglaterra afirmou que “um limite máximo de bónus não é imposto noutros principais centros financeiros internacionais fora da UE”. “O limite máximo dos bónus foi identificado como um fator que limita a mobilidade laboral", continuou, acrescentando que é uma “barreira” que deve ser removida no país.
As mudanças permitiriam às empresas reduzir os salários mais rapidamente em crises económicas, tornando-as mais seguras do ponto de vista da estabilidade financeira, acrescentou o órgão de fiscalização.
As novas regras entrarão em vigor a 31 de outubro e serão aplicadas a este exercício financeiro e aos futuros.
Os líderes das empresas financeiras ficaram hesitantes com o anúncio de que o Reino Unido iria abolir a medida, temendo uma reação pública. Originalmente, opuseram-se ao limite pois forçava-os a aumentar o salário base para reter funcionários.
O levantamento do limite é criticado pelos partidos mais à esquerda. Por exemplo, Darren Jones, do Partido Trabalhista, disse que “numa altura em que as famílias enfrentam dificuldades com o custo de vida e com as hipotecas, esta decisão diz-lhe tudo o que precisa de saber sobre as prioridades deste governo conservador”.
E Paul Nowak, secretário-geral do Trades Union Congress (uma federação que agrega os principais sindicatos britânicos), caracterizou a decisão como “obscena”. “Numa altura em que milhões de pessoas em todo o país lutam para sobreviver – isto é um insulto aos trabalhadores”, afirmou.