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Economia

CIP admite cumprir acordo, sem o assinar

Confederação Empresarial de Portugal ainda espera ver propostas do Pacto Social inscritas no Orçamento

Armindo Monteiro, presidente da CIP

Tudo vai depender da versão final do Orçamento do Estado para 2024 que venha a ser aprovada, a 29 de novembro, no Parlamento. Se o Governo for além da sua proposta inicial, acompanhar as “preocupações e acomodar algumas das propostas” apresentadas pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), no Pacto Social que tentou negociar com o Executivo, Armindo Monteiro, presidente da confederação, admite “recomendar” às 150 mil empresas associadas da CIP, que empregam um universo de 1,8 milhões de trabalhadores, o cumprimento do referencial de atualização salarial de 5% em 2024, definido no reforço do acordo de rendimentos e que a confederação recusou subscrever. Sem essa aproximação, os aumentos a aplicar no próximo ano pelos patrões da indústria “dependerão da negociação entre as associações que integram a CIP e os representantes dos trabalhadores” e podem não chegar sequer aos 4,8% definidos na versão inicial do acordo, porque a confederação já não está obrigada a cumpri-lo.

“Estamos desobrigados pelo acordo original e, naturalmente, não fazemos parte do reforço do acordo”, esclareceu esta semana aos jornalistas o presidente da CIP quando o tema era as atualizações salariais para o próximo ano. A CIP subscreveu em outubro de 2022 — em conjunto com as restantes confederações representadas na Comissão Permanente de Concertação Social, a UGT e o Governo — o Acordo de Médio Prazo para a Melhoria dos Rendimentos, Salários e Competitividade, que previa um referencial de 4,8% para atualização salarial no próximo ano. Esse acordo foi renegociado pelos parceiros sociais, revendo em alta o referencial para 5%. A CIP recusou subscrevê-lo por não ter visto acolhidas as suas propostas para fomentar o crescimento económico e a produtividade, num quadro de agravamento das exigências às empresas que resulta do reforço do acordo.