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Economia

1, 2 e 3 são os grandes números deste Orçamento do Estado

Nunca foi tão fácil decorar os grandes números do Orçamento do Estado (OE)

Nunca foi tão fácil decorar os grandes números do Orçamento do Estado (OE). Para o próximo ano, o Ministério das Finanças propõe tanto receitas como despesas públicas na casa dos €123 mil milhões (ver infografia nesta página). Em receitas de impostos, contribuições sociais, vendas, fundos europeus e outras receitas correntes e de capital, a contabilidade nacional deverá chegar aos €123.682 milhões (o equivalente a 44,7% do PIB). Em despesas com pensões e demais prestações sociais em dinheiro ou em espécie, salários da função pública e demais gastos com pessoal, consumos intermédios como bens e serviços para os organismos funcionarem, investimentos públicos, juros, subsídios e outras despesas correntes e de capital, a contabilidade nacional deverá ficar ligeiramente abaixo, nos €123.019 milhões (44,5% do PIB). O saldo entre as receitas e as despesas públicas é, portanto, positivo. Desta vez, o Ministério das Finanças não espera um défice orçamental, mas um excedente de €663,5 milhões (0,2% do PIB). Com a inflação a ajudar ao reequilíbrio das contas públicas, 2024 será o segundo ano consecutivo de excedente orçamental. Convém recordar que, há um ano, na proposta de OE para o ano 2023, o Ministério das Finanças contava chegar ao final deste ano com um défice orçamental de €2207 milhões (-0,9% do PIB). Afinal, conseguiu mais receitas do que despesas. Anuncia, agora, que conta fechar 2023 com um saldo positivo na ordem dos €2.191 milhões de euros (0,8% do PIB), por sinal, o “maior excedente orçamental da história da democracia portuguesa”. De 2023 para 2024, conta reduzir esse excedente orçamental em cerca de €1527 milhões. É o resultado de um aumento da despesa pública (+9%) superior ao da receita (+7,5%). A estratégia passa por amealhar mais impostos indiretos e muitos fundos europeus para segurar um excedente orçamental enquanto alivia o IRS das famílias, paga mais pensões e prestações sociais, aumenta a função pública e executa o PRR. Quando havia défices orçamentais, o Estado tinha de se endividar, recorrendo aos mercado de dívida internacional e aos portugueses que investem em certificados de aforro. Neste novo regime de excedentes orçamentais, o Ministro das Finanças propõe alocar o dinheiro que sobrar no final de cada ano a um novo Fundo para Investimento Estruturante, designadamente para investir mais nas áreas da transição climática, saúde ou transportes.