A Brisa aguarda há cinco anos luz verde da Comissão de Reequilíbrio Financeiro e do Governo para avançar com um investimento de algumas centenas de milhões que poderia alterar radicalmente a mobilidade (e a sustentabilidade ambiental) da A5, uma das principais vias rodoviárias de acesso a Lisboa que liga a cidade a Cascais. Mas, explica António Pires de Lima, em entrevista ao Expresso, não começaram ainda sequer a ser feitos os estudos e planos necessários para avançar com o investimento que prevê a construção de uma faixa especial para transportes públicos e viaturas de grande intensidade (com mais de dois passageiros). Paralisação que se deve em parte à Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP), entidade tutelada pelo Ministério das Finanças, e que lidera a comissão que tem de avaliar o projeto e revisitar o contrato de concessão da Brisa, e que não reúne.
“Os ministros das Infraestruturas sucedem-se, anunciam que o corredor da A5 é uma prioridade, mas a comissão mandatada para negociar com a Brisa este investimento foi criada em 2018 e nunca reuniu”, lamenta Pires de Lima. Sem esse passo o projeto não avança. O gestor admite “uma certa frustração”. Estamos perante “um investimento que a Brisa quer abraçar e que nunca chegou sequer a iniciar o seu planeamento ou a ser estudado. Mas não reunindo a comissão é impossível sequer estudar o projeto”. E detalha: “É um projeto de grande dimensão, porque exige que na A5, em determinados troços, se faça o alargamento. Permitirá aumentar muito a fluidez e a bondade ambiental.” Pires de Lima sublinha que não é uma obra simples, pois implica que em alguns troços se faça uma via elevada face ao trajeto normal, para ser usada basicamente por transportes públicos ou por automóveis com maior intensidade de utilização. “É um investimento que faríamos com muito interesse, dado que do ponto de vista ambiental e da gestão de tráfego, teria ganhos importantes para os clientes.” É um investimento “muito querido” pelas autarquias de Lisboa, de Oeiras e de Cascais.