Mexem-se as peças do puzzle em torno da privatização da TAP, enquanto se aguarda a avaliação da companhia, o decreto-lei de privatização e o caderno de encargos. A alemã Lufthansa, que nos últimos meses se manteve discreta, está já no terreno e à procura de assessores jurídicos. Um sinal de que não irá deixar o espaço totalmente livre para as suas duas grandes concorrentes europeias: a IAG, consórcio que junta a British Airways e a Ibéria, e a Air France/KLM. Ambas a preparar a operação há meses e com manifestações públicas de interesse na companhia portuguesa.
A IAG já reuniu inclusive com os autarcas de Lisboa e Porto e com os representantes do sector do turismo. Mantém-se ainda sob reserva quem serão os assessores jurídicos da Air France/KLM e da Lufthansa, sabe-se apenas que a IAG será representada pela VdA. A TAP, com as contas limpas, a bater recordes de receitas e a apresentar lucro, tornou-se um ativo relevante na consolidação das companhias aéreas europeias. Aliás, o interesse pela privatização é revelador de como nenhuma delas quer descartar os mercados que a transportadora portuguesa pode aportar ou perdê-los para a concorrência.
Resta saber se irão ficar sozinhas na corrida, e essa é uma das grandes incógnitas. O empresário Germán Efromovich, fundador do grupo de aviação Synergy Group, ligado a companhias na América Latina, veio garantir esta semana que não está a preparar-se para avançar para a privatização da TAP, ao contrário do que foi noticiado. “Não participo no capital de qualquer empresa que esteja a analisar poder participar na futura privatização da TAP”, afirmou apenas Efromovich ao jornal online “ECO”, que tinha noticiado que este poderia vir a integrar um consórcio português para concorrer à reprivatização da companhia.
Mas Efromovich, que chegou a ser acionista da companhia colombiana Avianca (falida durante a pandemia), teve, sabe o Expresso, conversas sobre a privatização, nomeadamente com Diogo Lacerda Machado, ex-administrador da TAP, e gestor escolhido pelo primeiro-ministro António Costa para, em 2016, delinear e negociar com o norte-americano David Neeleman a recuperação do controlo da transportadora portuguesa pelo Estado. Ao que foi possível apurar, não foram mais do que conversas de contexto sobre a operação, não tendo estado em cima da mesa a criação de um consórcio de raiz nacional. Porque quis ter essas conversas, Efromovich não explicou.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.