Economia

Inflação na zona euro estabilizou em 5,3% em agosto

A variação de preços no consumidor na área da moeda única europeia não acelerou em agosto, mas também não desceu, segundo a estimativa rápida publicada esta quinta-feira pelo Eurostat, que aponta para uma inflação de 5,3%, o mesmo ritmo que no mês anterior. Decisão do BCE a 14 de setembro não ficou facilitada

Ralph Orlowski

A inflação na zona euro estabilizou nos 5,3% em agosto, o mesmo ritmo do mês anterior, segundo a estimativa rápida publicada esta quinta-feira pelo Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia. Esta estimativa diz respeito à variação dos preços no consumidor em relação a agosto do ano passado, o que os economistas designam por variação homóloga.

A expetativa entre os analistas apontava para uma desaceleração da inflação para próximo de 5%, continuando a trajetória de desinflação (de redução da taxa de inflação). O que não se verificou.

A inflação subjacente no sentido mais lato desacelerou ligeiramente, de 5,5% em julho para 5,3% em agosto, o mesmo nível da inflação global. Esta medição da variação de preços exclui as componentes mais voláteis do índice: energia, alimentação, álcool e tabaco. No sentido mais estrito, excluindo, apenas, a energia e os produtos alimentares transformados, abrandou de 6,6% para 6,2%. Neste sentido mais estrito, a inflação está num nível acima da média global. A inflação nos serviços, que também tem estado acima da inflação global, abrandou ligeiramente, de 5,6% em julho para 5,5% em agosto.

Em termos de variação de um mês para o outro, o que os economistas designam por variação em cadeia, o ritmo agravou-se - passou de uma quebra de 0,1% em julho para uma subida de 0,6% em agosto, acima do que previam os analistas. O ‘motor’ desta variação foi a subida de 3,2% nos preços da energia de julho para agosto.

Inflação acelerou em metade da zona euro

Apesar da estabilização global do ritmo, a inflação acelerou em metade das economias da zona euro, incluindo Portugal (de 4,3% em julho para 5,3% em agosto, segundo o índice harmonizado de preços no consumidor usado pelo Eurostat, que é diferente do IPC usado pelo Instituto Nacional de Estatística em Lisboa), com destaque para três economias importantes - Áustria, Espanha e França.

A inflação em nove economias do euro continua acima da média da zona euro, com relevância para quatro importantes - Alemanha (6,4%), Áustria (7,6%), França (5,7%) e Itália (5,5%).

Com níveis de inflação acima de 6% a manterem-se na Alemanha e na Áustria, países onde os bancos centrais são liderados por ‘falcões’ destacados em política monetária, e face a uma manifesta aceleração da inflação em metade dos 20 membros do euro, a decisão do Banco Central Europeu (BCE) na próxima reunião de 14 de setembro não ficou facilitada no sentido de aprovar uma pausa na subida dos juros.

Christine Lagarde, a presidente do BCE, admitiu na última reunião, em julho, que uma paragem no aumento dos juros estava dentro das hipóteses de decisão, mas que a opção dependeria dos dados económicos, nomeadamente do andamento da inflação global e da inflação subjacente. A inflação global manteve-se e a subjacente desceu duas décimas em termos homólogos. Mas a inflação subiu em cadeia em agosto, e nomeadamente no sector da energia.

Refira-se que os níveis de inflação mais baixos registam-se na Bélgica e em Espanha, em 2,4%, e que, em agosto, nenhuma economia do euro tem uma inflação de dois dígitos. A inflação na Eslováquia, a economia com o surto inflacionista mais grave na zona euro, desceu de 10,3% em julho para 9,6% em agosto.

Quebra de preços continua na energia, mas desacelerou

O principal fator a travar um novo disparo da inflação na zona euro é, desde maio, a quebra de preços na componente da energia. Em julho, os preços na energia tombaram 6,1%, mas em agosto, a queda já foi inferior, de 3,3%. Estas quedas são em termos homólogos (em relação ao mesmo mês do ano passado).

Muito longe ainda de uma quebra de preços, o ritmo inflacionário recuou, no entanto, nas outras componentes do índice, com destaque para a desaceleração da subida dos preços nos produtos alimentares não transformados e no grupo dos produtos alimentares processados, álcool e tabaco.

No sector de serviços, cujo ritmo inflacionista estava a acelerar desde junho, registou-se em agosto um muito ligeiro abrandamento, de 5,6% para 5,5%.