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Erdogan dá meia-volta, mas crise continua e recuperação será lenta

Nova equipa económica do presidente turco promete políticas monetárias e fiscais rigorosas, mas desafios são enormes e a crise está para continuar. Todos questionam se rumo será mantido perante as eleições autárquicas de março de 2024

Erdogan, em Istambul
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Depois de vários anos de uma política económica pouco ortodoxa – baseada em baixas taxas de juro para fomentar a circulação de dinheiro e o crescimento da economia a todo custo, apesar de uma hiperinflação, a nova equipa económica introduzida pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan após a sua vitória nas eleições de maio deu meia volta e recentrou as políticas económicas de Ancara: aumento das taxas de juro para controlar a inflação, limites ao crédito, e o alinhamento com as regras de mercado.

Erdogan defendia que a inflação era ela própria causada pelas taxas de juro, provavelmente devido às suas convicções islâmicas, que condenam o conceito de juro. Como tal, durante os últimos dois anos ordenou ao Banco Central para baixá-las, em contraste com as outras economias globais. Como resultado, a lira turca caiu a pique (desvalorizou 80% nos últimos 5 anos). A mistura explosiva de hiperinflação (que segundo os números oficiais, que têm sido disputados por observadores independentes como sendo manipulados, chegou aos 85% em outubro do ano passado) e desvalorização da moeda levou a uma quebra abrupta do poder de compra para o cidadão turco.