O Banco de Inglaterra (BoE) decidiu esta quinta-feira subir a taxa diretora em 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual), metade do aumento que fizera na reunião anterior em junho. Com a subida desta quinta-feira, a taxa diretora britânica está em 5,25%, sendo a segunda mais elevada nas economias desenvolvidas, logo a seguir à taxa diretora da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed). É o nível mais alto de juros desde março de 2008.
A equipa dirigente do BoE optou por uma maioria de seis votos abrandar o ritmo de subida dos juros. Dois votos eram a favor de uma subida mais robusta, repetindo o meio ponto percentual de aumento decidido em junho. Apenas um membro do comité foi a favor de não mexer nos juros.
O processo de aperto monetário no Reino Unido iniciou-se cedo, em dezembro de 2021, e já acumula uma subida de juros de 515 pontos-base (5,15 pontos percentuais). Na reunião anterior, em junho, os decisores britânicos optaram por acelerar a subida dos juros, com um aumento de meio ponto percentual (50 pontos-base), depois de duas reuniões com um agravamento de apenas 25 pontos-base.
O relatório oficial de política monetária admite nos pressupostos que os juros poderão atingir um pico de 5,9% em 2024 neste ciclo de subidas, o que deixa em aberto mais aumentos e um processo mais prolongado, apontando para 5% em 2025, regressando à média entre 1998 e 2007.
Inflação só desce para 2% em 2025
O aperto monetário continua na ordem do dia para os dirigentes do BoE em virtude de uma previsão ainda alta de 5% no final do ano e com uma perspetiva de só atingir a meta de 2% no segundo trimestre de 2025. A inflação em junho desceu para 7,9%, mesmo assim claramente acima das então registadas para a Alemanha, a maior economia do euro, com 6,4%, e para o conjunto da zona euro, com 5,5%. Só em meados de agosto serão conhecidas as estimativas oficiais para a inflação em julho no Reino Unido, tendo entretanto descido para 5,3% na zona euro e 6,2% na Alemanha. .
Nas economias desenvolvidas, a taxa diretora britânica é a segunda mais elevada, depois da Reserva Federal em 5,5% (no limite superior do intervalo de variação). A taxa principal do Banco Central Europeu está em 4,25%.
A decisão do BoE de subida 25 pontos-base é a primeira de aumento dos juros em agosto entre os grandes bancos centrais do mundo. Nas dez decisões já tomadas em agosto, apenas o Banco central da Tailândia, o Banco do Egito, o Banco da Macedónia do Norte e o BoE optaram por subidas de juros. No Egito, o aumento foi de 100 pontos-base (1 ponto percentual), na Tailândia e no Reino Unido foi de 25 pontos (um quarto de ponto percentual) e na Macedónia do Norte de 15 pontos (15 décimas). O Banco da Reserva da Austrália decidiu manter a política de pausa no ciclo de aumento dos juros e o Banco central da Albânia e da Chéquia não mexeram nos juros. Três bancos centrais decidiram cortar nos juros: na Arménia, Geórgia e Brasil.
O caso do Brasil é o mais importante, com o comité de politica monetária a decidir à tangente (5 votos a favor contra 4) na quarta-feira por uma redução de meio ponto percentual (50 pontos-base) na taxa diretora. A minoria derrotada pretendia uma redução mais moderada de apenas 25 pontos-base. O presidente Lula e o ministro da Fazenda (Finanças) Fernando Haddad pressionaram por um corte nos juros que desceram de 13,75% para 13,25%. Continuam a ser os terceiros mais altos no G20, depois da Argentina (com 91%, o segundo mais elevado do mundo, depois do Zimbabué) e da Turquia (17,5%). Com uma inflação perto de 3% em junho no Brasil, a taxa real de juros (descontando a inflação) é das mais altas do mundo, mantendo-se uma política contracionista muito forte face a uma meta de inflação de 3,25% para este ano.