Quando, em 2015, a Altice comprou a Portugal Telecom, entrou a matar: impôs um corte de 30% aos fornecedores da operadora — grandes e pequenos, nacionais e internacionais, novos ou mais antigos. O mote estava dado, e as regras iriam mudar, os fornecedores seriam outros, muito deles empresas recém-criadas, a maioria delas com sede a norte, nomeadamente em Braga, distrito de origem do acionista português e cofundador da Altice, Armando Pereira, e do seu parceiro de negócios, Hernâni Vaz Antunes. Hoje estão detidos para interrogatório no âmbito da Operação Picoas, uma megainvestigação que envolve o Ministério Público e a Autoridade Tributária, por suspeita de terem estado envolvidos em operações que lesaram o Estado em €100 milhões e a Altice em €250 milhões (segundo a SIC). À hora de fecho desta edição da Economia ainda não se conheciam as medidas de coação.
Foi uma questão de tempo até desaguarem em Picoas novos negócios. À exceção da Visabeira, uma parte significativa dos fornecedores da PT saíram de cena, para paulatinamente e a partir de 2016 passarem a ser substituídos por novo fornecedores. Inicialmente foi nos trabalhos de expansão da rede de fibra ótica que as mudanças de peso se fizeram sentir, com a chegada a Picoas das construtoras de infraestruturas TNord Tech e Sudtel, empresas criadas em 2015 e ligadas Armando Pereira e a Hernâni Vaz Antunes. Abria-se um novo capítulo: seriam estas duas empresas que iriam esburacar o país de norte a sul e fazer chegar a fibra a milhões de casas portuguesas. Ganharam know-how e músculo para se lançarem para outras operações da Altice Internacional, cruzando inclusive o oceano e prestando serviços nas operações norte-americanas da casa-mãe, a Altice USA.