O Governo formalizou a venda da Efacec, nacionalizada pelo Estado português em 2020, no Conselho de Ministros que se realizou esta quarta-feira. O vencedor foi o fundo alemão Mutares. O anúncio foi feito por António Costa Silva, o ministro do Mar e da Economia, em conferência de imprensa após a reunião dos ministros.
O montante do investimento do fundo Mutares não foi divulgado, mas o António Costa Silva avança que o futuro dono da Efacec irá capitalizar a empresa com uma injeção de “dinheiro e garantias”.
Até maio deste ano, a exposição do Estado à Efacec soma já 217 milhões de euros, dos quais 132 milhões correspondem a suplementos e 85 milhões a garantias de crédito à banca, explicou o secretário de Estado, João Nuno Mendes. Desde novembro a Parpública tem estado a injetar mais de dez milhões de euros por mês na Efacec para garantir a operação.
O governo espera recuperar parte deste montante, quanto Costa Silva não consegue ainda avançar. Mas o ministro explicou, no entanto, que o Mutares apresentou um mecanismo de partilha de valor “inovador” que irá permitir ao Estado recuperar parte do montante injetado na empresa da Maia.
À espera de Bruxelas, mas confiante
A operação terá ainda de passar pelo crivo da Direção Geral da Concorrência da União Europeia (DG Comp), e nada garante que seja a aprovada, como aconteceu com a DST, mas o ministro da Economia está confiante de que o processo está bem encaminhado. E o negócio só deverá estar fechado dentro de dois meses.
Apesar de se tratar de um fundo, não há uma perspetiva de tempo para a saída da Efacec. “Não existe nenhum prazo para a saída da Mutares”, afirmou Costa Silva.
Satisfação foi a palavra que Costa Silva e João Nuno Mendes usaram para anunciar a vitória do Mutares. Uma proposta que garante foi “meticulosamente analisada” pelo Governo com o apoio da Parpública e os assessores da operação. É uma proposta que garante conforto e confiança na manutenção da Efacec enquanto “um grande projeto industrial e tecnológico”, afirma Costa Silva.
Caberá à Mutares ainda negociar com os credores da Efacec, o que incluirá não só a banca, como também os obrigacionistas. Fica em aberto para já a possibilidade de haver um perdão de dívida, uma questão que os governante para já não quiseram esclarecer.
O ministro da Economia afirmou que o Mutares arrasta consigo uma história de sucesso, afirmando que nos últimos anos a empresa alemã realizou 75 operações deste tipo “com elevado sucesso. O fundo disse ainda conta com uma equipa de 125 pessoas, sobretudo engenheiros.
O Eco e o Jornal de Negócios já tinham avançado que o fundo Mutares, um dos quatro candidatos à aquisição da Efacec ao Estado, seria o escolhido pelo Governo num rol que incluía o consórcio Visabeira/Sodecia e os fundos de capital privado Oxy Capital e Oaktree.
Posicionado em segundo lugar ficou a Oaktree, avancou o ministro, explicando que a empresa tinha feito uma oferta por um valor mais baixo que o fundo Mutares, e menos interessante do ponto de vista industrial. A Visabeira ficou pelo caminho porque o modelo proposto não passava o teste de mercado, e pressupunha a divisão dos negócios da Efacec, o que não era do agrado do Governo, que queria que a empresa permanecesse una.
O Mutares, avança o ministro, garante que vai reforçar a força de trabalho da empresa, que tem perdido parte dos seus quadros no último ano. Vão avançar com uma equipa de 20 especialistas, adiantou João Nuno Mendes.
“Eles estudaram a empresa e querem apostar no seu desenvolvimento nos mercados alvo para alavancar o seu volume de negócios, nomeadamente a Alemanha e os Estados Unidos”, detalhou Costa Silva. E adiantou que o Mutares identificou quatro grandes produtos na Efacec, nos quais será assente a estratégia da empresa: os transformadores, aparelhos e equipamentos, soluções de automação e mobilidade elétrica.