A decisão deve ser tomada até agosto. Em cima da mesa está a possibilidade de o Governo esvaziar a gaveta dos empréstimos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (vulgo ‘bazuca’ europeia) para criar aquela que pode vir a ser a maior das medidas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para 2021-2026: um instrumento de apoio ao investimento estratégico empresarial promotor das transições verde e digital capaz de captar investimento estrangeiro transformador para a economia portuguesa. “O Governo decidiu manter em aberto a possibilidade de utilizar o remanescente dos empréstimos na criação de um mecanismo de atração do investimento para o nosso país”, confirma a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ao Expresso. O Ministério da Economia, em conjunto com o dos Negócios Estrangeiros e a AICEP, está a trabalhar nessa possibilidade.
Em janeiro, o ministro da Economia, António Costa Silva, já alertara para a “ameaça brutal” vinda do IRA, sigla do pacote de incentivos lançado pelos EUA para atrair grandes empresas para o outro lado do Atlântico. Para travar o risco de deslocalizações e garantir que o futuro da indústria passa pela Europa, a resposta da Comissão Europeia chegou nos meses seguintes, com o anúncio do Plano Industrial do Pacto Ecológico e a flexibilização das regras de apoio a projetos empresariais de vanguarda nas áreas das tecnologias e energias mais limpas. Em abril, o primeiro-ministro, António Costa, aproveitou a viagem à Coreia do Sul para falar deste novo isco à captação de investimento estrangeiro: “Temos a disponibilidade do Governo português para apoiar investimentos estratégicos, designadamente em áreas como os microchips, energia e mobilidade verde, com incentivos financeiros muito significativos ao abrigo do novo regime europeu de auxílios estatais.”